Monday, January 11, 2010

O medo

Vou falar do medo, sentimento multifacetado e multifuncional.
Não vou me prender a descrevê-lo, pois escreveria aqui milhares de "sintomas", mas não chegaria ao medo propriamente dito.
Eu vou mesmo é me arriscar afirmando que o maior medo que todos do mundo têm é do desconhecido. Uma nação tem medo da outra por não saber exatamente seu poder bélico,
o medo do escuro, o medo sentir, o medo de si, o medo em geral.
Quanto o medo é limitante quando o assunto é sentir. Desde a infancia a gente sente, mas quanto mais crescemos mais medo temos de sentir. Sinceramente, quanto mais ignorante, mais feliz.
O medo de sentir, de tentar, nos produz incertezas, ai procuramos no mundo coisas que reforcem como correto viver na incerteza tornando-a certa, usando farses como " eu não disse, eu não disse?!".
O medo do desconhecido, no ponto de vista sentimental, é o medo de se deixar viver.
O gosto, o prazer, a vitória, não são coisas deduzíveis, pelo menos não era pra ser. São coisas para serem experimentadas, vividas!
Vejo o mundo, os limites que existem por imposição nossa, o amor virando vento e a felicidade se tornando objetivo e me pergunto: até quando o medo do desconhecido não nos permitirá conhecer?

Saturday, January 2, 2010

Mais outro sobre amor.

Não vou começar esse texto descrevendo o tempo chuvoso que estava do lado de fora da sala, nem da tempestade que ocorria por dentro do camarada, tão pouco descreverei as olheiras que lhe mudava a alegre feição para uma tristemente memorável. Não vou me prender, não agora, em falar dos cabelos bagunçados, ou da forma arqueada que ele se encontrava ao se prostrar sobre a escrivania. Vou me concentrar no problema, no que levou esse homem de 21 e poucos anos a se lamentar como uma criança lamenta a perda do seu brinquedo favorito; é amor, meu caro.
Não que amor seja um problema, não o é! O problema é não ser amado. Bem... isso em si um baita problema. Milhares de pessoas que passam por ele todos os dias, que lhe sorriem e lhe falam “você é especial” tão menos sente qualquer vontade de estar com ele ( a arte da retórica está mais vida do que nunca!). O problema, para ele, é amar quem não o ama.
É um abuso dizer isso, não? Como saber se alguém não ama um outro se não existiram palavras que expressassem tal? Mudamos então o foco do problema, passou a ser a dúvida, ou melhor, a certeza de não ser amado que a dúvida não saciada constrói na mente de quem ama.
Agora sim é um momento adequado para falar do homem.
Começaremos então por seus sentimentos. Pra que ficarmos nos prendendo a todas as somatizações dos sentimentos se podemos livremente falar deles aqui?
Tudo começou com uma mera intenção, creio ser esse o começo de qualquer coisa, a intenção, a vontade, não é? Pois bem, ele a olhou, gostou do que viu e resolveu galanteá-la. Não era um bom galanteador, cheio de palavras já ditas que ele tinha certeza absoluta que mulher tão linda quanto aquela ouvia aquilo a cada saída que dava para algum barzinho ou balada, mas, enfim, como não tinha nada a perder de início e tudo podia ganhar resolveu galantear. Não tão crente do que dizia sempre achava que nada mais do que educação por parte dela era o que ele recebia perante cada palavra, gesto singelo e sorriso que a mandava.
Quantas explicações você já ouviu falar de como o amor nasce? Será que tantas quanto eu? Já me disseram que os homens procuram a mãe em outra mulher, que o amor é um estado de acomodação, que é uma paixão madura, algo divino, que é aprendido, que é inato, que é sobrenatural... deixa eu ver o que mais... que é querer sorrir só co ma lembrança da pessoa, que é resposta de algo, que é antecedente de tudo que é bem sucedido... explicações para como o amor nasce não nos falta nesse mundo, mas é engraçado como elas não se encaixam para explicar o amor de quem está vivendo tal. Lanço aqui mais uma explicação para o amor. Para mim ele é um descontrole da intenção inicial. Uma intenção que foi sendo coberta por emoções, com conexões com a própria vida do sujeito, com sonhos, objetivos e ideias do mesmo, o que faz aquela mera intenção de simplesmente ter em intenção de cuidar.
Agora, novamente, o problema não é perder o controle da intenção inicial, mas sim não ser reforçado pelo ser a quem se perdeu o controle. É isso que faz as pessoas sofrerem. É a desilusão, a espera, a demora, a frustração, a insegurança e tudo mais que qualquer um que tenha visto a própria vida passar já passou.
Enfim, é isso que fez um homem que tem tudo para estar sorrindo, chorar. Não sei se o que escrevo agora é verdade, mas até o homem mais rico, maduro, completo e sereno do mundo sente-se um pouco destruído quando o amar não é reciproco. É fácil amar, difícil é se deixar amar. É fácil amar, difícil, extremamente difícil, é não ser amado. Até o amor-próprio fica impróprio para a situação do sujeito que não tem a quem amar, ou quem o ame.
Não ser amado nos dói, lhe dilacerou, me mata.