Friday, December 31, 2010

Repetição de coisas inéditas (Ano Novo)

O ano novo chegou... De novo!
As listas de objetivos serão repensadas e refeitas. mais uma vez haverá a comoção mundial quanto a fazer o balanço do ano.
Teremos São Silvestre, Show da Virada, Retrospectiva, fogos de artifício, promoção de roupas brancas, Espumantes pelo ar... Uma repetição de coisas inéditas. Contaremos regressivamente os últimos segundo do ano, comemoraremos sabe sei lá o que e desejaremos um ótimo ano à todos que passarão por nossa vista até a hora que o cansaço vence e sono nos arrebata.
O dia seguinte chega e juntamente com ele a ressaca de uma noite pouco dormida. pela casa sujeira, pelas ruas sujeira, mas você não fica triste, pois ainda existe o espírito de "Oba, um ano novo!".

Como um ser normal, me pus a pensar. O que será que faz nossas promessas se início de ano continuarem somente promessas? Os planos feitos em momentos de euforia, para onde vão no decorrer do ano? E, principalmente, qual é a diferença do ano que foi para o ano que acabou de chegar?

A nossa vida é feita por nossas ações e pela responsabilidade quanto ao que fazemos. As ações dos outros também influenciam a nossa vida de maneira direta e enxergar isso é necessário. Essas coisas ajudam a estruturar a nossa visão de mundo, as cores que damos à ele.

Se é mesmo necessário, ou costumeiro, fazer uma lista de objetivos à serem alcançados, realizados, coloque como primeira meta:
Tornar-me autor da minha própria história.

O ano novo de todos será fabuloso, rico e virtuoso, tenho certenha!
Mas tenho certeza também que ele será tudo isso se você assim o fizer.

Feliz ano novo!

Thursday, December 23, 2010

Amor-Tesão

A porta se fecha atrás de dois corpos que se unem em um abraço. Ambos exploram um a boca do outro em beijos demorados e profanos. As mãos de ambos deslizam pelos corpos, passando pelos braços, costas, cabelos. Um dos dois, o mais atrevido, começa a erguer suavemente a roupa do outro indivíduo.
Diante de tal ação da menina o homem se sentiu seguro para pressioná-la na parede e beijar-lhe o pescoço. Antes de falar qualquer coisa a mulher já tinha tirado-lhe a camisa e arranhava-lhe as costas, o que lhe deixava muito feliz e desnorteado.
O jovem pensou que foi a vodca que tinha esquentado, ou até mesmo acendido, o fogo daquela bela jovem. Ele queria fazer daquele momento algo único, passível de lembranças, de saudades, pois ele queria ser também memorável à ela.
Foi fazendo tudo devagar, passando as pontas dos dedos suavemente em cada centímetro do corpo liso da mulher. Os lábios percorriam quase que o mesmo caminho dos dedos e ele se demorava mais nos lugares que a moça indicava gostar através da respiração que ficava ofegante.
Ele subiu o corpo e a olhou nos olhos, ela sorria para ele e dizia para ele fazer tudo que quisesse. Ele disse que a amava muito e antes mesmo de continuar sua declaração ela soltou:
_ Faça de tudo comigo hoje, só não me ame.

Tuesday, December 21, 2010

Escravos.

O mundo estava parado para a mulher, a não ser por duas coisas; o ventilador que girava lentamente e os segundos do seu relógio que insistiam em continuar mudando de forma crescente.
Ela olhava para o celular e em seguida para o telefone e pensava que já fazia dois dias que eles não tocavam. Quando tocavam não era quem ela esperava.
Lembrou-se do último contato e das palavras, tentou dentro do diálogo encontrar culpados pela distância.
A primeira vista nada foi encontrado, a não ser ao lembrar que ele disse que ela estava deixando de se importar com as pessoas que disse serem importantes para ela num passado não tão distante.
"Menino insolente." - Ela pensou, no entanto resolveu explorar mais o assunto e enxergou que a rispidez do homem foi resposta as palavras dela, as quais não foram as mais doces.
Lembrou-se em tê-lo dito que ele estava pressionando-a, querendo uma atenção que ele não tinha o direito de cobrar. Disse-lhe também que estava se afastando dele, devido ao cara chato que ele havia se tornado. Lembrou também da pergunta dele: "Qual a maneira d eu me aproximar de alguém que está se afastando de mim?" E se recordou que ela disse que conforme ele fosse voltando a ser legal ela iria voltando aos poucos a querê-lo por perto.

Irônica a vida, terrivelmente irônica.
Como ela iria ligar para ele perguntando o porque dele ter sumido depois de reclamar dele quanto a esse mesmo questionamento?
"Somos escravos de nossas palavras, senhorita." era o que ele falava quase sempre para ela. Agora ela entendeu o que isso queria dizer, compreendeu que ele só sumiu porque ela o repeliu.
A senhorita passou a mão nos cabelos, pegou o celular e começou a mexer nele. Foi em 'ligações recebidas' e viu que lá não tinha uma dele há tempos. Em 'mensagens' o nome dele não aparecia mais.
Lembrou-se dos períodos de silêncio que existiam quando ela acabava de falar, quando a unica coisa que se ouvia do outro lado da linha era a respiração dele. Quando ela questionava qual o motivo do silêncio ele puxava ar e respondia sempre que estava pensando.
As últimas palavras dela para ele foram "Então digeri aí o que falei depois nos falamos." Ouvi-se um murmúrio do outro lado da linha, parecido com o que ele fazia quando sorria.
Ele disse 'a gente se vê' ao desligar o telefone. A jovem sempre soube que ele era sincero e fazia valer suas palavras, mas temeu que pela primeira vez ele se usou da retórica para não ser rude com ela no último diálogo que teriam.

Friday, December 17, 2010

Fim.

Ele precisava falar, mas ela nunca deixava, talvez por receio do que ouviria. Ele também não forçava muito para falar pois tinha medo da repercussão, no entanto ele precisava, ele não estava mais conseguindo segurar.
Durante a noite que passaram juntos, conversando, ele tentou ser o mais adequado possível, mas ele tinha consciência que sua insatisfação era aparente.
O jovem se levantou, avisou que ia ao banheiro e logo que voltou avisou que iria embora. A senhorita não fez muita objeção, parecia que ela até queria que ele fosse embora. Se despediram com um beijo e com um abraço seco e ele se foi.
Ela entrou em casa passando a mão na nuca, aquele movimento de "Estou cansada". Pegou sua toalha no varal e foi tomar um banho. Ao entrar no banheiro viu um papel dobrado no canto do armário de escova de dentes, pegou-o e abriu. Era do jovem que acabara de sair.
"Mais uma..." - ela resmungou para si mesma.
Sentou na cama para ler o conteúdo da carta.

"Te amo, isso é fato.
Lembro bem quando lhe vi pela primeira vez e fiquei desnorteado diante de tanta beleza. Lhe desejei para mim, muito.
Fomos nos conhecendo, ligando um para o outro, brincamos e nos insinuamos também.
O desejo junto com alguns outros sentimentos foi desenvolvendo o amor, creio eu.
No entanto, tudo era sempre difícil. Ou por falta de tempo, ou por demais compromissos, ou por idade, ou por qualquer outro limite que era colocado por você e também por mim.
Não lembro o momento certo, mas comecei a me dar conta que a minha função para você tinha acabado. Parecia-me que você não precisava mais de mim.
E o que eu faria com esse amor que foi se construindo com o tempo, já que você não precisa dele? Tentei lhe falar, mostrar-te as minhas vontades, pretensões, sonhos.
Fui cortado, você disse que não estava em seu tempo de ter qualquer relacionamento, mais tarde disse que eu era um rapaz até que bom, mas tinha aparecido na hora errada. Depois disse que adora minha companhia e por fim falou que deveria ter tomado mais cuidado com as brincadeiras para que eu não tivesse me iludido.
Brincadeiras... Meus sentimentos são brinquedos de fácil manuseio.
Pensei em lutar pelo seu amor, mas para isso eu teria que lutar contra você. Teria que me revirar, me transformar e mesmo assim haveria a possibilidade de você ainda não me querer.
Não vejo como ficar contente ao seu lado, querer teu amor e saber que não é para mim que você direcionará tal sentimento. Eu sempre quis isso, que você se permitisse pensar sério sobre nós.
Mas não, seus objetivos são outros e eu não me encaixo neles.
Eu não irei mais lutar por você, contra você para ter algo seu.
Eu não irei mais lutar.
Não irei."

A jovem piscou, olhou para o teto e ficou um tempo assim. Abaixou a cabeça e olhou para o papel novamente.
A carta foi lida, dobrada e guardada em uma gaveta.

Wednesday, December 15, 2010

Ciclos²

Ciclos, a vida é feita de ciclos.
Quando me refiro a ciclos não digo que concluímos uma fase da vida ao chegarmos onde começamos, até porque isso é temporalmente impossível. O que quero dizer é sobre o "padrão" avanço-retrocesso que dita a nossa vida.
Durante a vida a gente vai e volta diversas vezes. Amamos o outro extremamente a ponto de nos esquecermos um pouco, ou muito, assim como amamos arduamente a nós mesmos. Erramos e acertamos, perdemos, ganhamos e perdemos e ganhamos invariáveis vezes sentimentos, pessoas, motivações e necessidades. Mudamos a forma de ver as mesmas coisas milhares de vezes. O nosso humor muda a cor do mundo e o valor das pessoas para nós o tempo todo.
Puro engano achar que um determinado fenômeno não irá se repetir em sua vida. Quando surge a mesma coisa as experiências que o ato de viver nos faz ter acaba que dando maneiras diferentes para lidarmos com a mesma coisa.
Independente do momento ou da ocasião, relação será sempre relação, fé será sempre fé.
No entanto, diante de tantas mudanças, uma coisa não muda em nós: A necessidade que temos em estarmos felizes.
Mesmo que irracionalmente sempre buscamos estarmos felizes nos momentos que vão construindo nossa vida . A falta de felicidade provoca as mudanças.
Taxamos de ANO um certo período que determina um ciclo para nós. Temos a natural necessidade de ter etapas, de ter um fim.
mais um ano se encerra para você, mais um se iniciará. Muitos entes queridos te darão os parabéns por você ter vivido mais um ano, por ter vencido dores, conquistado coisas, por ter buscado ser feliz diante de tudo que a vida foi apresentando.
Como gosto e me esforço bastante em ser diferente, proponho à você uma reflexão: O que quer nesse momento, o que almejava há tempos atrás. Pense nas mudanças da sua vida, como elas se deram e por quais motivos. Os focos, quais foram e quais ainda são. As pessoas... O que elas foram, qual foi a importância delas na sua vida, para que elas te serviram.
Existem mais coisas para pensar, mas fica ao seu critério.
Depois disso se responda a pergunta:

Tudo que fiz na minha vida foi para fazer, buscar a felicidade ou para fugir da dor?

Monday, December 13, 2010

Sofrer por amar.

"Ele esta sofrendo de amor."

Usual essa frase, não? Quantas vezes já a ouvimos, a lemos. Está nas poesias, músicas, no repertório dos deprimidos.

Primeiro é necessário descrever o amor.
Uma tarefa não muito fácil, há milênios tentam reduzir tal sentimento em ações ou predisposições. Me limitarei a vida que tenho como fonte de conhecimento para tentar ilustrar tal sentimento.
Desde a Bíblia até o mais variados livros tratam o amor como algo bom. As ações de altruísmo, consideração pelo outro, por si mesmo. O equilíbrio entre os defeitos e as qualidades para o próprio bem e para o outro. O amor está vinculado em você considerar-se responsável pela própria felicidade e co-responsável pela felicidade do outro.
Em suma, o amor é o fruto da junção dos sentimentos bons em prol da felicidade pela comunhão. Não entenda comunhão como uma relação consumada pela Igreja, mas sim como uma relação com laços feitos por consentimento de ambas as partes.

Agora que vem a contradição da primeira frase escrita aqui.
"Sofrer de amor".
Sofremos por estarmos em uma condição boa de vida? Sofremos por querer o bem do outro?

Não, definitivamente não.

O que nos faz sofrer é a FALTA de amor. Sendo óbvio, a falta de correspondência diante a manifestação de tal sentimento.
Sofre aquele que dá e não tem retorno. O ser humano é interesseiro e isso não o faz ser um sujeito mesquinho, pelo contrário, é o que faz ele ser humano.

As lágrimas não vem por amar, vem por não ser amado, ou por não achar ser.
A dor não vem em você querer o outro, mas do outro não te querer como você quer!
Amar é complicado, é fato, pois envolve uma relação... e toda a relação é passível de contradições e desencontros.

No entanto, vale lembrar: Melhor a dor de não ser amado do que a incapacidade de amar.

Consciência.

Abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi o teto do próprio quarto. Estava na mesma posição em que dormira, um dos braços na testa e uma das mãos apertando o lençol.
Começou a lembrar do que pensava antes de adormecer e reclamou consigo mesmo em ter acordado.
Veio novamente a vista o sorriso, os beijos e as intrigas que antes banhavam seu dia.
Ele estava com saudade de tudo isso.
Passou-lhe na cabeça a esperança de um futuro a dois, a expectativa das insinuações virarem ações.

Ele estava com saudade até do que não existiu.

Ele apertou mais forte o lençol, uma fúria inundou seu coração. O porque disso tudo?
Ninguém é de ninguém, todos tem direito a fazer o que bem entendem. No entanto para ele era meio incompreensível os sentimentos se desfalecerem com tamanha facilidade.
Qualquer coisa que é mais reluzente do que já se tem parece ser mais interessante, mas será que é de fato?

Fechou os olhos, desejou voltar a dormir, fugir do pensamento, achar algum que lhe conforta-se de alguma maneira.
Uma lágrima escorreu até o travesseiro quase que acidentalmente. Ele levou as mãos para enxugá-la, mas deixou-se chorar mais.
Deixou as lágrimas molharem os panos, pois era melhor molhá-los do que continuar sangrando seu coração.

Vivendo.

Andando pela praça, num dia de calor, daqueles que todos os jovens bem sucedidos e os pretenciosos saem para caminhar, via-se um homem sentado em um dos bancos.
Na verdade haviam mais bancos ocupados por homens, mas esse homem que agora descreverei será o foco disso tudo.
Com roupas esporte-fino, calça bege e camisa verde, com os cotovelos apoiados nas coxas. Em sua mão havia um graveto verde com uns poucos espinhos, parecia ser de uma flor.
O homem tinha um olhar distante, rodava entre os dedos o graveto, parecia pensar um pouco, passava a mão no rosto e voltava a por a vista no nada.

Como o mundo da percepção nos dá mil possibilidades de interpretação. Quem o oilhava podia achar que ele estava bêbabo, drogado, quem sabe perdido, ou tanto apaixonado. Poderia estar simplesmente descançando de um copper que fez em volta da praça, ou estar se ajeitando para passar a noite por lá mesmo. Talvez (quem sabe?) ele estava pensando em um modo para chegar a Paz Mundial, ou planejando algumas mortes para os próximos meses.
Nos distanciando de todas as hipóteses e julgamentos o homem sentado era simplesmente um homem sentado.

Momentos antes ele não estava ali, ele estava virando a esquina e se direcionando ao banco. A rosa que carregava ia se despedassando conforme ele ia deixando-a bater nos portões das casas próximas a praça. Ora ria e parava quando passava a mão no rosto, um gesto que parecia dizer "para de se enganar, idiota, você não saiu ganhando."

Mas perdeu o que, afinal?
A flor foi comprada a caminho da casa de quem ele gostava, mas não gostava tanto assim de gostar. Parecia-lhe que gostar daquela linda jovem era se dispor a um sofrimento em troca de relapsos de paixão.
Ele sempre se animava em tê-la por perto, mas a falta de perspectiva o frustava muito. Ele não é fã de ser uma fuga dos problemas para o outro, ou até mesmo uma segunda opção, no entanto deixou ser isso para ter por perto quem ele inacriditavelmente gostava!

Existem momentos na vida em que as ações não correspodem aos pensamentos. Isso se dá quando os pensamentos são difíceis de serem elaborados pelo indivíduo, quando são muito angústiantes ou quando tais pensamentos são reprimidos psicossocialmente, então ele tem atitudes contrárias aos pensamentos, de modo a mascarar os pensamentos. A falta de equilibrio entre o que pensa e sente e o que se faz causa angústia, pois pior que mentir ao mundo é enganar a si mesmo.

O jovem olhou para a casa e pensou nas possibilidades de ser feliz com aquela pessoa. Ele se esforçaria em demasia, lutaria para diferenciar-se, fazer os gostos dela, crescer para si e pra ela e havia a possibilidade disso tudo lhe trazer mais insastifação do que já sentia, pois o valor que se dá ao sentimento e até o sentimento que tinham um pelo outro não eram o mesmo e de longe parecidos.
Diante de tal pensamento ele resolveu começar a andar, seguir sem rumo à algum lugar.
A rosa, representação de esforço em prol do amor, transformou-se em válvula de escape. Ao destruí-la o homem acreditava estar destuindo um pouco o sentimento que o levou a ficar esperando a moça na porta.

O jovem já não estava mais sentado no banco da praça, resolveu dar lugar a um velhinho que queria descançar.
Ele olhou para o senhor e pensou que ele também, provavelmente, havia passado por provações, angústias e infelicidades, mas que isso não o impediu de continuar vivendo.

"Continuar vivendo", foi isso que influenciou o moço a continuar seu caminho e é isso que o movimenta até hoje.

Tuesday, December 7, 2010

Pretérito do futuro.

As memórias lhe seguiam conforme ele andava para tentar esquecê-las. A fixação por uma pessoa, por um sentimento que tal pessoa proporcionou estava incomodando-o.
Acelerou as passadas, ligou o mp3, iniciou um copper, mas mesmo assim lá estava ela em sua mente, de frente e sorrindo, com os olhos pequenos e claros olhando-o fixamente.
"Melhor parar", pensou o jovem. Parou de correr, de andar e se dispôs a pensar em outra outra: Porque, para que, pensar nela, afinal?
Houve um tempo em que sorriram, brincaram de planos, se divertiram com o ciúme encenado. Houve um tempo em que a expectativa do futuro alegrava o menino, de fato o fazia feliz.
Os estados de humor ajudam na construção do momento, assim como as expectativas e o anseio pelo desconhecido. A distância, a realidade e o conhecimento vai tirando o brilho de qualquer relação, por mais platônica que seja.
Para fenômenos assim, em que no passado se pensava no futuro a língua portuguesa tem o pretérito do futuro.
Foi então que o jovem começou a correr de novo e pensando: "Eu ficaria feliz, eu me sentira completo, eu exaltaria o amor, mas não. O que tenho no presente instante, no exato momento é um simples fim."

Sunday, December 5, 2010

De tudo um pouco, até idiota

Fazia um certo tempo que os olhos não se cruzaram, que os corpos não se tocavam, que o sorriso do outro não era visto.
Em um havia uma alegria que não dava para segurar, a qual ele fez questão de simbolizar em um bombom. Nessa mesma pessoa não havia paixão que se continha e então então a simbolizou com flores.
Ele achou graça de si mesmo estar pegando tais coisas para dar à alguém, havia muito tempo que ele não sentia a vontade, a necessidade, de presentear com essas coisas alguém. Riu de si mesmo e pegou cervejas também.

Rir de si mesmo, como isso é algo pouco feito ultimamente. Temos o hábito de querermos sempre nos melhorar, então acabamos que buscando erros em nossos acertos para irmos concertando. Nos vitimamos em demasia, a nossa dor é sempre provocada por outro, não nos damos conta, ou não queremos nos dar conta, que a dor vem diante a nossa forma de ver o mundo e não do mundo em si.
Por que nos relutamos tanto em tomarmos para si a responsabilidade das nossas angústias? Existem sentimentos que quando provocados pelos outros causam raiva, tristeza, podridão, mas quando tomamos para si se tornam cômicos, pois vemos que não vale a pena a atenção dada à eles.

As curvas das ruas foram ficando para trás enquanto se ia chegando ao destino. Um último toque no perfume antes de receber quem se gosta. Um sorriso no rosto, braços abertos e cabeça ligeiramente caída para o lado: a leitura do corpo não mente, essa pessoa está aberta e pré disposta à outra pessoa!
_Nossa, que demora, heim!
Os braços se fecharam e um certo pensamento começou a correr na mente do adulto: Como simples expressões podem bombardear idealizações a ponto de destruí-las! E para alguém bombardear isso, só se ele está fazendo isso em sã consciência, sobre o intuito de tirar o outro desse mundo só dele ou está ele em seu próprio mundo, a ponto de não conseguir enxergar o que o outro lhe passa através de palavras, gestos e outras ações.
O sorriso apareceu novamente na boca do sujeito. Riu novamente de si mesmo ao concluir que quando se gosta de alguém há de sermos de tudo um pouco.
Temos de ser fortes para aguentar os momentos injustos do outro, sermos sensíveis aos sentimentos do outro, temos de ser altruístas e não podemos esquecer que o mais devemos ser é idiota.

Muitos momentos ruins se tornam insuportaveis devido a importância que damos à eles.

Sim, nunca se esqueça de ser um pouco idiota.

Who are you?

O que somos, afinal?
Uma junção de fatores em comuns aos outros, como corpo, olhos, necessidades e medos
Há a singularidade nisso, pois cada um tem o seu modo de interagir com o corpo, de olhar para o mundo, cada qual tem sua necessidade, cada qual o seu medo.
Dentro dessa mescla de comum e individual é que nos tornamos únicos.
Na interação com o mundo, na forma de sentir e perceber tais interações. As relações, paixões, as circunstâncias frustrantes, as perdas, os ganhos primários e secundários nas atitudes. Tudo isso me formou, tudo isso me transforma a cada tempo.
Diante de tudo isso, creio que sei quem sou:

Eu sou o criador de mim.
vamos amar e fazer amor,
calor que nos agita
livremo-nos impossivelmente da dor,
sensação que tanto nos aflita

deixemo-nos livres!
libertemos as coisas, as vontades.
na medida as maldades e em excesso as bondades.

escolha ir ou no caso vir
se assim a escolha permitir.
escolha querer, viver, e não simplesmente ceder ao sobreviver.

Friday, December 3, 2010

Aqui agora.

Me peguei num sorriso, daqueles que surgem quando uma memória sai do seus inconsciente e invade a realidade. Pensei nela e sorri, procurei uma foto que tenho guardada dela em minhas gavetas e sorri mais ainda.
Me veio na mente o beijo na chuva, os abraços para matarmos o frio, os beijos demorados nas bochechas, as pegadas singelas na mão. Tudo sonho, tudo vontade que ficaram só assim, sem ação.
Sorri por ter tido tais pensamentos quando ficava mais perto dela, a ilusão em certas doses é um ingrediente essencial para a paixão.
Lembrei da realidade e vi que era menos romântica que a ideia, mas mesmo assim não menos bela.
Me veio na cabeça as tacadas de sinuca, os sorrisos nas vitórias e os biquinhos nos erros. Me veio as suas reprimidas lágrimas quando se sentiu injustiçada, o cartãozinho de aniversário.
A realidade é doce também. Compreendo que a felicidade não está na concretização das idealizações, está mesmo no momento.
O Aqui-e-agora é real, mesmo!
Temos, de fato, que buscar realizar nossos ideais? Olha o que temos em volta. Temos um mundo, um belo universo cheio de oportunidades, cheio de cores, cheio de amor.
E mencionando o amor, não seria esse o sentimento que me fez sorrir?

Sim, foi sim.
Não se limite as ações e palavras para entender o mundo, pois o entendimento verdadeiro vem do sentir.

Tuesday, November 16, 2010

Dor.

Tudo é suportável até certo momento. Tal momento é totalmente e somente subjetivo. Há seres que aguentam anos de dor, outros menos de segundos, é os chamados "baixo índice de frustração".
Relativo demais. O que faz uma dor não é exatamente o tempo, é a magnitude, a intensidade e a importância que damos à elas.
Costumo dizer que o fim é um fato ocasionado em um segundo. Todo o processo caminha ao fim, é a sina humana morrer, o que não quer dizer que alimentar os momentos de modo que eles fiquem eternos seja babaquice, é somente mais um dos vários jeitos de sentir-se feliz.
Voltando à dor, dói demais se deixar doer assim. Percebi que a pior dor é aquela sem perspectiva de fim, aquela que alimentamos a fim de evitar uma dor maior. Alimentamos a dor de ter diante da provável angústia manifestada ao perder. O sentimento de não ter tanto e temer perder o pouco que tem também pode ser chamado de dor.
No entanto, é necessário doer-se. Nem sempre a menor dor é a melhor, ela pode ser o pior caminho.
Creio que chegou a hora de doer-se, de deixar-se angustiar, pois evitar a angústia não nos trás nada além de mais de mais dor.

Monday, November 15, 2010

Maluco que sonho eu sonhei!

Uma noite dessas sonhei. Não que isso seja algo anormal, pois não é porque não lembramos que não tenhamos sonhado... Enfim, como disse Raul Seixas: "maluco, que sonho eu sonhei!"
Ele começou comigo abrindo meus olhos no sonho, quando os abri vi entranhas, sangue, glóbulos, enzimas... Eu estava dentro de um corpo humano, mais louco ainda, eu estava dentro do MEU corpo!
Depois de ficar um pouco espantado (não é todo o dia que você se vê dentro de si mesmo), eu resolvi me espiar um pouco e logo segui os vasos até o cérebro.
Antes passei pelo coração e vi que sua função é mesmo somente bombear sangue. Naquele momento eu estava dormindo, nenhuma emoção em magnitude diferenciada ocasionavam na emissão de adrenalina em meu sangue, logo, as passadas do meu coração estavam tranquilas.
Achei mais fácil ir pela coluna até o cérebro, complicado andar por lá, solo muito acidentado.
Cheguei à minha querida massa cinzenta e me espantei; Freud estava (infelizmente) certo! Estavam lá as minhas estâncias psicológicas, Id, Ego e Super Ego. Atrás do Ego, que mais parecia um camarada boa praça, tinha dois círculos enormes rosas escrito neles "pensamento" e "sentimento.
_ Posso espiar um pouco essas portinhas rosa? - perguntei ao boa praça
_ Claro que sim! - Disse o camaradinha ao lado de corpo forte e olhar pilantra. Provavelmente esse era o Id.
O rapaz da outra ponta, um bem apessoado, corte de cabelo bem feito e barba arrumada disse um não, o que me levou a afirmar com toda a certeza, sem sombra de dúvidas que aquele era o Superego.
_ Creio que agora não para vocês que devo dar ouvidos - Disse o Ego aos dois. Fale senhor, por que acha que eu deveria deixar você espiar o que há por trás destas portas?
_ Ora, essas portas são MINHAS! E quem tem mais direito delas se não EU?
Id riu e o Superego resmungou algo parecido com "petulante". O Ego sorriu, olhou de canto para o Id e abriu espaço para eu chegar até as portas.
De frente com as duas eu pensei em qual ir primeiro. Sem muito pensar fui à porta pensamento e a abri.
Já lá dentro me senti leve e livre. Letras e cálculos matemáticas pairavam pelo ar, citações de autores, textos que eu tinha escrito conclusões que eu por enquanto tinha de alguns fenômenos da vida, de alguns fenômenos naturais. Saí de lá não muito diferente do que entrei, com ar de "eu já sabia".
Fui sorrindo e de cabeça baixa entrando na sala Sentimentos e quando ergui os olhos levei um choque, um choque tão forte e inesperado que me tirou do sonho e me fez acordar de verdade.
Realmente isso me deixou muito perplexo. Será que minha repressão quanto aos meus sentimentos era tão forte que até no sonho, o lugar mais inconsciente do mundo, a repressão operava?
Sentei-me na cama e levei as duas mãos à cabeça. Pensei no sonho e sorri, lembrei que o sonho era inconsciente e gargalhei ao afirmar para mim mesmo que Freud ainda podia estar errado, que as estâncias poderiam ser somente obra do sonho para deixá-lo mais cômico.

Thursday, November 11, 2010

Amor que muda.

Menino de vista alegre, contente confesso, feliz à beça. O sorriso que nunca lhe saia da face era a sua marca registrada, todos sempre o esperavam para alegrar o ambiente e as pessoas.
Até que garboso, suas qualidades físicas se mesclavam com as suas características intelectuais. Sempre cavalheiro, sempre respeitoso, sempre piadista, sempre menino louco.
Fazia tempo que ele era assim, mas (sempre há um mas) o tempo lhe trouxe experiências que mudaram o jeito dele de ser.
De postura mais ereta, rosto mais sério. As piadas antes frequentes agora ficaram restringiam-se a momentos pacatos com os amigos. Sincero ao cúmulo, atos antes movidos pelo interesse de ganho secundário agora não existiam mais.
Muitos consideraram que ele amadureceu, mas ele no seu íntimo considerava tal mudança como um retrocesso. Se amadurecer era perder a espontaneidade, sentir-se e fazer limitado as ordens do mundo, ele não queria amadurecer. Seu ponto de vista era diferente, ele prezava a aceitação das diferenças ao invés da adaptação forçada ao ambiente.
Não foi o tempo que trouxe as mudanças. O tempo trouxe as pessoas, as atitudes e os entendimentos que o fizeram mudar. Em especial um sentimento, que de tão bom é questionável a posição dele de mau, foi o que causou tal mutação no jeito de ser.
O amor. Sentimento que de tão altruísta muitas vezes anula o amor a si mesmo. Sentimento que trás consigo outros ao ombro, como o medo, o ciúme, a ilusão.
O amor faz sorrir, faz chorar,
faz tremer e faz amar,
mas uma coisa que todos esquecem
é que ele também pode nos fazer odiar.
O menino, que já não era mais menino, aprendeu com as mudanças, cresceu com elas.
Aprendeu que ser espontâneo não é somente fazer o que lhe vem a cabeça, é seguir a tendência natural humana de ver o outro e ver a si e assim ter ações que façam nascer, ou manter, o amor.

Saturday, October 23, 2010

mesquinharia

Ele estava deitado, amuado, parecia cansado. havia negado as baladas de sábado a noite, preferiu a cama. De fato, ele não estava cansado, estava reflexivo.
Com os braços sobre os olhos ele tentava elaborar o que estava sentindo.
"Nenhum ciúme têm fundamento, mas mesmo assim ele existe. Por que?"
por várias vezes ele ouviu falar que "há ciúme onde há amor". Ele acreditava nisso, mas percebia que o amor certamente não era à outro senão a si mesmo.
"Ciúme é um sentimento de posse, é desconsiderar a liberdade de escolha do outro. É um filho de egoísmo, afinal quer toda a energia do outro direcionada para si mesmo, para o sujeito enciumado. Ele também é parente da frustração , pois é este o sentimento que se tem quando o ser se dá conta que o outro pode sim não querê-lo e um dado momento da vida."
O moço tirou os braços da frente dos olhos e admirou-se diante do próprio pensamento e simultaneamente se decepcionou ao se tocar que jogou para o espaço do inútil o tempo que usou ao se concentrar em sentimento tão mesquinho.
Ele não queria ais pensar nem sentir, então resolveu dormir. Resolveu sim usar dessa fuga, pois se sentir estava sendo, para ele, amoral e pensar sem utilidade, o que lhe restava fazer, então?

Monday, October 18, 2010

Cristina

Véspera de feriado e do andar de baixo da casa se ouvia:
_Vai logo, Jé, a gente vai se atrasar!
Mais que depressa o jovem vestiu a camisa gola "V" dele e partiu para o carro, seguir cantando para o destino.
Chegando na balada enfrentou um pouco de frio, um pouco de fila, uma revista e enfim lá dentro estava. Era uma balada bem esperada, pelo menos para ele.
Pessoas dançando, outras conversando, outras nuns cantos dançando e conversando. Tinha também aquelas paquerando, outras achando que estavam sendo paquerados e os que nunca se tocam que estão sendo paquerados. O universo da balada é de fato um em particular aos demais.
Jé estava com uns amigos e estes estavam doidos para ficar junto com umas amigas. O jovem em questão nunca se importou com a equação "balada=pegação" e por isso mesmo não estava se importando em estar somente com os amigos e com uma cervejinha na mão. Mas eles não. Como o testoterona a mil e com tantas mulheres lindas os roçando sem querer (ou propositalmente, quem sabe?), eles queriam mesmo era uma companhia feminina.
Ele quis dar um rolezinho sozinho pela festa e usou como justificativa a bebida que tinha acabado. Foi para o lado contrário ao do bar para assim aproveitar melhor o tempo de desprendimento. enfim chegou no bar e reparou que lá havia uma moçacom os cabelos iguais a de uma amiga sua. Tocou-lhe os ombros e quase que de imediato foi abraçado por ela:
_Uau, você por aqui, que coisa, não?
Ele ficou conversando um bom tempo com a amiga, meio que se esquecendo dos amigos lá no outro canto. A amiga que ele encontrou apresentou-lhe as demais amigas, uma já conhecida e a outra...

Não sei ao certo por onde começar a descrição, creio que começarei pela parte mais marcante: a beleza. O ruim disso é que a beleza, pelo menos a dela, é composta por uma série de coisas que juntas a faz ser considerada uma mulher bela.
Bem, começarei pelo nariz. ele é arredondadinho, uma gracinha de nariz! Eu sei que o nariz não tem nada de sexy, mas é importante falar dele, pois seguidamente vem a boca, de lábios bem desenhados e aparentemente macios. A roupa bem escolhida escondia do mundo o corpo que verdadeiramente causaria respiração ofegante em qualquer homem. O jovem percebeu as curvas ao abraçá-la e gostou ainda mais de todo o conjunto diante da simpatia que a menina mostrou.
_ Que indelicadeza, já cheguei te abraçando e nem ao menos perguntei teu nome.
_ Prazer, é Cristina.

Monday, October 11, 2010

Um certo dia me vi me colocando em segundo plano. Obsevei o mundo e vi que eu não era o único.
Não quiz ver o problema dos outros para assim me encontrar no comum a todos, é que eu vi mesmo. Quanto que o indivíduo se anula todo o dia em prol da boa e velha convivência, da aceitação, do medo de ser julgado.
Pensei em muitos motivos que levam alguém a se por em tal condição, mas a mais geral que encontrei foi a escolha. Conscientemente ou não todos que estão em segundo plano se propuzeram a isso em alum momento da vida.
O depressivo se coloca nessa condição ao por em primeiro lugar os seus problemas e/ou limitações. O estressado põe as obrigações a frente da própria vida. O submisso então, preciso explicar?
Admito que é necessário tirar-se um pouco do centro dos próprios holofotes para viver bem, pois se acada um agisse por si não haveria relacionamento que durasse. O problema está na intensidade+frequência com que isso vai ocorrendo na vida da pessoa.
E ledo engano pensar que ser o primeiro plano de si é transforma-se em um egocentrico (se bem que um pouco de egocentrismo não faz mal à ninguém). Ser primeiro plano de si é praticar aceitação incondicional, ou seja, é admitir que há coisas em você que as pessoas não irão mesmo gostar muito, mas que isso não pode ser um muro para você não ser você mesmo!É também saber que admitir perdas e fracassos não é torna-se menor, mas sim maior, pois isso ajuda a crescer, ou acha que todos no mundo sempre ganham e ganham?
Agora passou-me pela cabeça uma frase que muitos sempre falam e que faz esse texto ser fechado de forma parnasianista: "Se eu não gostar de mim, quem gostará?

Thursday, September 30, 2010

Eu sei que já escrevi sobre isso, mas a idéia do fim é mesmo algo integrante.
Desde os primeiros dias de vida lidamos com perdas, aprendemos a lidar com elas. Mas mesmo assim quando perdemos algo a gente fica meio desconcertado, meio fora de si.
Falo de perdas sobre o tema "fim" pois o fim tras perdas, sempre trás. O fim faz a gente perder o que tínhamos quando o fim não existia. Pessoas, momentos, lugares que foram visitados... tudo chega ao um fim.
O fim trás um vazio... Mas também trás coisas boas.
A solidão tem seus frutos sadios, o deixar para trás nos dá uma liberdade, mesmo que consequencial.
o fim é triste, mas é necessário, pois como começar algo sem terminar outro?

Tuesday, September 7, 2010

Ganhos e ganhos

Quantas vezes nos deparamos com sentimentos que nos dão dor, com ações que nos ferem, com lágrimas que nos envergonham (mas que ao mesmo tempo nos aliviam)? E como é ruim sofrer, meu Deus! E como é vital o sofrimento, não?
Sofremos as perdas. Escolher uma coisa é, naquele momento, negar todas as outras que nos cerca. Ganhar é necessariamente perder. Ter uma coisa é deixar de ter todas as outras!
E quando escolhemos, mesmo que irracionalmente, nos doermos por algo? O rancor, a perda, o medo, o medo de ter medo, a angústia de não ter mas querer, de poder ter mas não ter, o excesso de vontade para a falta de ação... São tantas coisas, são tantas dores!
Os momentos, mesmo que ruins, nos serve para algo.
Como sentir alívio sem ter sentido dor? Como experimentar a sensação de segurança sem ter sentido o medo? Como experimentar o melhor do amor sem ter sentido, em momento algum da vida, um cisco de ódio?
E falando das pessoas... A insegurança sadia de pensar que não se pode ter alguém a qualquer momento alimenta os amores mais quentes, aqueles que o olhar provoca sorriso, que uma passada de mão na cabeça já provoca ao outro preocupação, o se importar, o querer, o amar.
A vida segue assim, com ganhos e perdas, triunfos positivos e negativos, melhoras, pioras, estruturações, regressões e mudanças constante.
A última grande mudança dita o fim do ciclo vital...
Ou dita o início de um novo plano?

Monday, August 30, 2010

O perdão.

Quantas desculpas ele já tinha ouvido? Segundo os seus cálculos, acho que por umas quatro, cinco vezes... Mas era essa a palavra que mais saia da boca da menina, dos seus dedos quando escrevia. Parecia, para ele, que era isso mesmo que ela sabia fazer: Equivocar-se e depois pedir desculpas, como se desculpas fosse algo de pedir.
"Depois de tanto desculpas porquê ela continua errando?" Era isso que ele ruminava em sua mente e não conseguia ter alguma resposta cabível.
O erro é subjetivo. Falta de consideração, para ele, é algo muito feio. Desconsiderar o outro, os sentimentos que ele e os que ele ajudou a construir é muito feio, mas para ela, talvez seja algo normal, considerando a falta de responsabilidade que se têm hoje com os sentimentos do outro.
Agora ele não sabia o que fazer, se iria mais uma vez aceitar o perdão. Não perdoar é se machucar, é cutucar o próprio coração com uma agulha por várias e várias vezes. Entretando, ficar perdoando a todo instante é criar o hábito do outro de errar sem consequência.
Ele poz a mão na testa, a esfregou um pouco. Já fazia muito tempo que ele estava pensando... Então decidiu-se: Ele perdoaria, pela última vez.
Afinal, um ponto final em tudo, um dia, é necessário.

Saturday, August 28, 2010

thank you.

Passei a mão nos olhos para tirar deles as últimas lágrimas de mais uma noite triste.
A lembrança do último olhar que se cruzou era triste por não poder ser mais que isso, ma mera lembrança, sem reais possibilidades de renovação.
Lembro-me bem dos meus dedos correndo os cabelos bem penteados, descendo vagarosamento pelo rosto, bochechas. Seguro o queixo dela e deixo escapar um sorriro estalado num choro contido. Mordo os lábios e abaixo o rosto para não me denunciar e ela é quem lança a mão em mim, a coloca em meu peito, depois poe a outra e fala ao sussuro o meu nome. Quando eu olho ela está sorrindo, deita um pouco a cabeça para o lado, deixando a franja tapar-lhe os olhos.
-Tudo tem um fim, você mesmo me ensinou isso.
-Sim sim, mas não pensei que a pratica desse ensinamento viria tão rápida.
ambos sorriram espontaneamente, mas não havia tanta alegria no sorriso, então logo a seriedade voltou a permear o ambiente.
-Então... tchau? Estranho dar um tchau sabendo que será o último...
-Não vamos prolongar isso, já tá doendo aqui.
Meus lábios se direcionaram a sua bochecha, buscaram institivamente a boca dela mas eu os direcionei a sua testa:
-Beijo na testa é respeito - e riu - eu nunca vou me esquecer das suas manias, menino.
Mpe puz a andar após soltar-lhe os braços, segui para casa. Já no terceiro passo comecei a pensar o quanto foi engrandecedor ter aquela mocinha por perto, ouvir, falar, brigar, sentir, repudiar, possuir. Me senti crescido, me senti bem:
-Hey mocinha!
-Sim?! - Ela olhou empolgada, desmentindo nos olhos o pedido de fim que a boca soltou. - Fale, fale!

Eu parei, a olhei, melhor, a admirei:
-Obrigado por me amar.

Wednesday, August 25, 2010

Cada um com sua singularidade dentro da pluraridade que é ser humano.

Sunday, August 15, 2010

O homem e o pássaro.

O pássaro voava e observava do alto qualquer coisa que lhe servisse para montar seu ninho, logo logo a fêmea teria ovos, era preciso ajeitar o berço. Voou que de tanto vai procurar, desce para pegar o pauzinho, leva para o ninho, encaixa as palhas e volta para procurar mais que cansou e resolveu fazer do parapeito de uma janela o seu ponto de descanço.
De frente com a mureta tinha ma janela que estava fechada, mas por ser clara dava para ver o que tinha dentro. O pássaro bisbilhotou com os olhos e o que viu foram livros num canto servindo de pé para uma mesa de centro quebrada, pedaços de papel espalhados pela sala, uma bagunça total. Em cima da mesa e do braço do sofá tinham pratos e copos com restos de alimentos e bebidas. Garrafas de vinho, umas três, estava em volta do homem que estava sentado no sofá verde musgo paralelo a mesa de centro. O passarinho não conseguiu dar o veredito de qual situação era mais lastimável; do cômodo ou do homem. Este estava com a barba grande, mas não um grande arrumado, uma que mostrava fazer tempo não ver nem água para ser lavada. Os cabelos tampavam a testa e as mãos tampavam os olhos, o homem mexia os ombros quando soluçava, estava chorando. Chorava e deixava as lágrimas escorrerem pelas mãos e pingando no suéter da cor do sofá. O homem destapou os olhos e encontrou-se em olhar com o pássaro. eles ficaram se fitando um pouco e o homem começou a pensar sobre o pássaro, ser livre que tem o dom de voar, de fugir para longe quando sente alguma ameaça. Achou bonita a idéia de ter uma companheira para a vida inteira, o casal que se une é unido até a morte. Que bom não raciocinar as vezes, pensou o homem. os pássaros só seguem os instintos, o amor instinto, não são como os homem que consideram ganhos e perdas a todo instante e por isso perdem e acham ganham tanto. E voar, que beleza era voar!
O homem se deprimiu denovo, lembrou-se que não era como o pássaro, ele não teria uma esposa até a morte. O tempo que passaram juntos desgastou o amor que era jurado eterno, o que sobrou dos dois foi o apartamento que comparam juntos, que agora estava com ele porquê ela foi morar com sua mãe, e a lembrança do sentimento.
O homem decidiu que pelo menos uma coisa igual o pássaro podia fazer, correu para a janela, espantando sem querer o pássaro, pos seus pés no parapeito e pulou do quinto andar, pulou para voar para a eternidade.

Wednesday, August 11, 2010

O ponto final

Crescer, eis um mal necessário. Mal? E quanto isso é mal?
Responsabilidades, limites, independência, fases que tem que passar para outras começarem. O ponto final é um acento muito necessário na vida também, não dá para por retiscências em tudo.
Chega um momento que até as coisas que nos dão tanto prazer já não nos cabe mais, pois prender-se a elas é negar-se à outras, ou não deixar-se sentir as novas.
O ponto final significa fim total? É necessário mesmo abandonar as coisas, algumas lembranças, alguns costumes?
Dói-me escrever que sim, de saber que sim, que abandonar é necessário, que crescer é inevitável e que admitir o crescimento é uma escolha, pois as situações podem nos obrigar a acatar responsabilidades de adultos, mas nosso sentimento e percepção podem estar incongruentes quanto a isso.
Crescer, eis um bem necessário. Bem? E quanto bem há nisso?
Sem um ponto final em uma frase não é possível se começar uma nova. A vida é feita como um texto, é necessário acabar uma coisa para assim se começar outra. De forma dinâmica e viva, não necessariamente como um texto onde tudo é bem organizado, mas a metáfora vale, pois como teremos progresso enquanto colocarmos três pontos no que se torna regredido pela simples condição humana de estarmos, enquanto vivos, crescendo?

Thursday, August 5, 2010

Encontro

É difícil falar de encontro sem sair do velho roteiro de "se viram pela primeira vez, se apaixonaram...", mas fico feliz de ter presenciado algo que, pelo menos para mim, pareceu-me fora do clichê.
Ela andava pelo Taquaral, passos largos para trabalhar o bumbum. No seu Mp3 tocava Cidade Negra e na sua mente se passava coisas mil, desde dos antigos namorados, do emprego novo já não tão novo, das amigas fofoqueiras que ela tanto ama, das roupas que ela cobiça. É incrível como as mulheres conseguem pensar em várias coisas, várias mesmo, e não se perderem nos pensamentos.
Enfim, ela estava andando e viu um moço empurrando a bicicleta. Olhou para a bicicleta, para o cara... Que cara! Ombros de nadador, pernas de corredor de 100m rasos, braços de pugilista e olhos castanhos tristes...:
- Quebrou o que?
O rapaz olhou arregalado, como se estivesse acabado de ser acordado... E que bom ter sido acordado por essa loiraça! Ou ele estava ardente de desejo ou essa era mesmo digna de ser desejada, mas ele rapidamente desconsiderou isso pois ainda se entristecia pela bicicleta:
- O pedal, moça. Eu vim aproveitar meu último final de semana de férias, mas vou voltar com prejuízo para casa.
- É Cláudia, moço. -a moça sorriu e estendeu-lhe a mão- Vamos na lanchonete lána frente tomar alguma coisa, já que é seu último dia de férias, vamos fazer algo para te animar.
O moço achou estranho tamanha desenvoltura para falar algo que dá margem aos pensamentos mais loucos possíveis. Parecia irreal, uma mulher linda lhe chamando para tomar um chopp e fazer sua tarde ficar mais bela?! Brincadeira?
- Opa, esqueci... Jorge, prazer. -O rapaz deu a mão para Cláudia e a alisou. Deixa eu perguntar, desculpe se eu for meio rude, mas você faz isso frequentemente, tipo, chamar pessoas que você acabou de conhecer para trocar umas idéias a mais?
- Só quando estou com vontade e quando a pessoa me disperta um interesse imediato.
Cláudia sorriu, arrumou o rabo de cavalo e deu um passo para se aproximar de Jorge, o que esse inevitavelmente olhar de forma indiscreta para o físico da jovem.
Jorge não sabia o que falar, nem ao certo o que pensar, foi então que pensou que não precisava pensar nada, ora bolas, que coisa idiota! Só porque isso acontece de uma em um milhão torna-se impossível?
Jorge sorriu, apontou com a cabeça o barzinho e sorriu novamente para Cláudia, pois não tendo sobre o que pensar resolveu então apenas viver. Vai que ele se desse bem, né?

Wednesday, August 4, 2010

Carta de amor

Pensava eu dentro da minha cegueira que eu vivia o que eu era antes de te conhecer. Percebi que quando abri os olhos comecei a viver de verdade, pois te vi.
Pensei que já havia sentido tudo do mundo. Frio, calor, medo, raiva...
Era tudo uma farsa.
Frio eu senti ao estar longe de você. Calor eu sinto só em pensar que daqui alguns segundos nós estaremos juntos num abraço. Medo, o sentimento que sinto todo dia quando está perto de irmos dormir. Não quero de forma alguma me distanciar de você.
A eternidade se transformou em segundos. Eu quero o universo como o tempo para ficarmos juntos.
Comecei a analisar sensivelmente todos meus sentidos, sentimentos... E percebi que todos se tornavam mais intensos quando no meu pensamento estava você.
Todos os sabores se tornaram mundanos depois que experimentei o sabor de teu beijo.
Nenhum agasalho consegue ser mais quente e confortante quanto o teu abraço.
Nada no mundo se mostra mais belo que tua face, teu corpo, tua alma.
Você tornou-se a minha alma, a qual nunca mais eu posso e nem quero ficar longe.
Obrigado por ter se tornado a minha essência.

Monday, August 2, 2010

Quero lhe fazer sorrir

E começou mais um dia, mais um dia sem grandes coisas para se alegrar. O senhor de vinte e seis anos seguiu seu dia como qualquer outro, a mesma rotina entediante que muitos, se não a maioria, do mundo segue; acordar, banhar-se, arrumar-se e ir trabalhar.
O dia demorou á passar mais passou, foram horas e horas torturantes de papéis, telefonemas, sorrisos forçados, idas e vindas da mesa onde fica o café com bolachinhas.
Enfim o cartão é batido pela última vez no dia, hora de seguir para casa.
Chegou em casa e foi recebido por um abraço de um gurizinho feliz. O homem chegou a sorrir, mas não tanto quanto o pequeno fez ao ver seu pai. Mais adiante, chegando na cozinha ele viu sua mulher na cozinha limpando as mãos no avental. Ela o olhou de longe e sorriu um "boa noite" para ele.
O jovem sentou no sofá e viu o filho brincando aos seus pés, brincando com seus sapatos;
-Hey, mulequinho, o que você tá fazendo?
-Eu tô indo para o trabalho de carro, como você, papai. - O menino falou isso movimentando o sapato para frente e para trás.
-Ai, vai pensando que isso é bom, ir tão longe, sofrer o dia todo e voltar cansado.
-Mas papai, pelo menos você volta!
O homem parou. Ele olhou para a mulher que estava montando a mesa e cantarolando músicas em um inglês brasileiro. Como ela ficou tão linda de uma palavra para outra? Ele olhou para o filho, que brincava inoscentemente com o sapato, como se não soubesse quanto amor ele passou em puras palavras. O menino passou a ser herói, o dia do homem foi salvo as oito da noite.
-Querida, deixe essa comida para o almoço de amanhã, hoje vamos jantar fora, temos uma coisa importante para comemorar.
-Tá louco, Rafael? -a mulher falou com o olhar espantado e com sorriso alegre no rosto- Comemorar o que, homem?
-Há, e precisa de motivo para comemorar?
-Para você, sim.
-Ok, ok. Eu quero comemorar o meu amor por você e por nosso filho, a vida linda que voce me faz ter. Eu quero te fazer sorrir.

Saturday, July 31, 2010

A Margem.

Já era dia, na verdade o relógio já marcava PM. O homem de barba por fazer acorda desanimado para viver, deseja vagamente não ter acordado e dá um safanão nesse pensamento -"é pecado pensar em morrer"- ele pensou. Foi ao banheiro, olhou-se no espelho e não gostou do que viu, achou que cortando a barba melhoraria a imagem, mas sentiu que o estético nada mais era que a manifestação do que era interno; ele estava estragado por dentro, e não era só o fígado pelas bebidas, era a alma por sofrimentos.
Mesmo destroçado pela depressão, sem forças para sorrir, ele tomou sua dose de café da manhã de vodca, comeu uma esfiha de fast-food, tomou banho e se arrumou para ir ao trabalho. Como de costume, foi dirigindo.
"Mais um dia" ele pensou e começou a fuçar nas estações do rádio; nenhuma música estava lhe agradando. Foi mexendo, fuçando, mudando e não percebeu que o caminhão na sua frente freiou para não levar multa. O jovem sentiu seus ossos sendo triturados enquanto a lataria ia vagarosamente amassando com o impacto. O vidro trincou bem onde sua cabeça bateu, o desatento esqueceu do cinto, o sangue jorrou em sua roupa clara. O caminhoneiro saiu imediatamente e lhe ofereceu os devidos socorro, o chamou e o jovem só conseguia grunir de dor. A ambulância chegou rápido, cerca de dez minutos, mas a falência por perda de sangue foi mais rápida que os 130Km/h que a ambulância correu para tentar salvar o moço.
Nesse tempo de angústia o jovem pensou e percebeu o quanto era rápido morrer. Percebeu o quanto todos os humanos ficam uma vida inteira arranjando meios de se eternizar -seja por filhos, família, dinheiro, bens materiais, memórias, frases...- e que o fim dessa ilusão de eterno vem em menos de um milésimo. " A margem entre a vida e a morte é de um milésimo", ele resmungou para si mesmo.
Para um cara que já estava se lixando para a vida, morrer até que não pareceu algo tão ruim, contuto ele pensou na eternidade que a nossa finitude nos trás. "Nunca mais" era o que se seguia para "ver os amigos", "abraçar quem amo", "alegrar-me com meu cachorro", "beijar aquela mocinha", "almoçar com meus pais". Tudo para ele estava acabando junto com seus batimentos cardíacos, tudo ficaria só na memória.
"Mas que memória um morto tem?", foi o que lhe passou pela cabeça antes dele sorrir e fechar os olhos, ele achava sem educação aqueles mortos que nem se deram ao trabalho de fechar os olhos para morrer, parecia que não queria largar esse mundo. Ele, para ele, não seria um desses. Fechou os olhos e sorriu, agradecendo à Deus a linda vida que teve e que até milésimos antes estava reclamando em ter.

Friday, July 30, 2010

Mudanças

Como o mundo muda. O agora vira passado em frações inimágináveis de tempo, o que era pura imaginação e criatividade vai se tornando um concreto texto a medida que os dedos batem nas teclas, o texto deixou de ser da mente, passou a ser do papel.
Pessoas que nascem, pessoas que morrem. Tememos nossa finitude mesmo sabendo que ela é uma das poucas certezas que temos na vida. E quanto tempo demoramos para morrer? Uma vida? Não. Passamos do estado vivo para matéria morta em menos de um tic-tac de um relógio!
O que se é hoje não se ontem. O que se é hoje não será amanhã. Cada segundo nos transforma, nos ensina, nos deleta outros ensinamento, nos muda. Não existe melhorar ou piorar, o julgamento humano de perfeição não é suficiente para saber o que de fato é considerado bom. Nos limitamos, então, às considerações materiais de sucesso nas relações, nas realizações dos sonhos individuais e de cumprir adequadamente algumas etiquetas sociais.
Agora sendo nós tão mutáveis, porque, em linhas gerais, pedimos estabilidade nos sentimentos, queremos fazer de eterno e imutável a coisa mais maleável que temos?

Friday, July 23, 2010

Amizade colorida

Um menino e sua amiga conversando:
- Estou num caso de amizade colorida, Pedro!
- Amizade colorida? Que legal! E aí, tá curtindo?
- Tô curtindo muitão o menino, Pê!
- "Curtindo muitão" é um jeito cool de dizer "apaixonada"?
- Como você é técnico, Pê! É, talvez seja.
- Então isso já não é uma amizade colorida, é um namoro!
- Não é um namoro, porque não temos compromissos, a gente só fica de vez em quando, quando dá, quando um tem tempo para o outro, quando estamos a fim.
- Mas num namoro não é assim também?
A menina bufou, aquele bufo que quer dizer "caramba, que burro!":
- Deixa eu ser bem explicita: Se torna amigo colorido quando você tem uma amiga que você sai, beija e vai para a cama de vez em quando, entendeu?
Pedro olhou para cima, parecendo estar pensando. Olhou para a menina e logo começou a rir:
- Somos amigos coloridos, então?

Brindando a sexta!

Já pus a cerveja pra gelar, para brincar comigo mesmo mais uma sexta de solidão.
Solidão proposital? Talvez sim, ou talvez não! Depois de várias sextas compartilhando cervejas, dandos sorrisos e brindando a vida boêmia, chega uma hora que o corpo incansável alcança sua humanidade e pede "chega!".
Mas ficar sozinho é uma chatice, a gente não é treinado pelo mundo a conviver consigo mesmo, aí dá-le terapia para começar a fazer o que se fazia muito bem aos primeiros meses de vida.
Peguei a cerveja, abri e percebi que ainda estava quente. Piorou a noite, agora já não é mais uma sexta de solidão, é uma sexta-de-solidão-com-cerveja-quente.
E agora, o que fazer?
Vou jogar um gelo na loira, pois pior que a noite já está, não dá.

Sunday, July 18, 2010

Ciclo.

Era mais um dia de estágio para o aspirante a psicólogo. ele escolheu o tema sexualidade para trabalhar com suas adolescentes.
Uma delas fez uma pergunta capciosa:
_Tio, por quê os homens dizem que nunca entendem as mulheres?
O jovem riu da resposta que brotou em sua mente, pensou em não falá-la, em ser sério, mas resolveu seguir sua primeira idéia e falou:
_Porquê existe algo chamado ciclo menstrual, senhorita
_O que isso tem a ver, tio? - Falou a menina perplexa com a resposta.
_Simples. Os homens ficam mais ou menos 15 dias tentando entender a mulher, aí quando ele está perto de compreender vem o ciclo mentrual, TPM, período fértil e todas as mudanças de humor e de compressão do mundo pela mulher que essas fases trazem. Com tantas mudanças acontecendo em trinta dias, fica impossível conseguir entender um ser assim!

Saturday, July 17, 2010

Jogador do amor.

Já percebeu como as pessoas em geral gostam de fazer analogias? É um jeito fácil de conseguir compreender uma coisa a partir de outra mais comum às pessoas.
Pois bem, veja como é a vida de um amante a partir de uma escalação de futebol.
Dentro de um time sempre há o favorito do técnico. Técnico é que nem mãe; fala que ama igualmente todos os filhos, mas os próprios filhos percebem que não é assim. O técnico tem seu jogador favorito, o que ele bota fé, o que ele incentiva e cobra mais. Esse jogador é o que tem que ser destaque, é o que sente na obrigação de sempre jogar bem e fazer seu professor feliz.
Esse jogador está num jogo importante, está se destacando e num drible decisivo “clack!”, torce o pé, sai na maca e vai pro vestiário. O técnico perdeu seu titular, precisa de alguém! Ele olha para o banco e escolhe aquele jovem louco de vontade de provar o seu valor. O técnico sabe que ele é tão bom quanto, e muitas vezes até melhor, que seu titular, mas por o favorito ter chegado primeiro, ele tem preferência.
O reserva entra no lugar do número um, joga um bolão, alegra a torcida, o time, o técnico e sair elogiado por todos.
O reserva passa a jogar no time dos titulares, faz gols, brinda a torcida com dribles lindos, toques fabulosos, um comportamento bom dentro e fora de campo. Tudo está lindo para o ex-reserva até que o titular se recupera da lesão e volta à tona. Mesmo provando ter capacidade e talento para ser titular, o jovem volta para o banco por o predileto retornou das cinzas.
Um amante é exatamente isso. Ele tem potencial para ser o número um, mas ele não é o favorito do seu usuário. Ele dá o que é pedido, ele entende, ele percebe, mas ele não chegou primeiro.
Um amante é o numero um que é o dois por não ter chego primeiro.

confissões de um amante

Não é dificil se sentir como um amante, basta se lembrar de algum momento da vida em que você foi o segundo de alguma coisa.
Se você tem irmão se lembrará da fúria de perder alguma coisa por seu irmão por ele ser mais velho. Os mais velhos também se lembrarão de como se tornaram coadjuvantes de uma família que até segundos antes daquele negócinho nascer o fazia astro maior de toda a Galáxia. Ser amante é ser isso por tempo interino, é ser o número dois, o ser a merce das lembranças de necessidades daquele que usufrui dele(a).
Não é muito simples uma vida assim. Em alguns momentos de sobriedade a falta de responsabilidade pela felicidade alheia parece ser uma boa idéia, estar e se dispor a estar livre para o outro que cobiça é uma ação agradável. Pois é sabido que busca da fonte quem quer beber, logo sabe-se que quando a senhorita ou o senhor procura pelo amante é porque está a fim de fazer ou ter aquilo que o o número um não está conseguindo, ou talvez até não tenha condições de dar, por uma série de fatores, seja pela idade, pela aventura, pela simpatia, beleza, experiência, escuta sensível, pelo sexo, pelo fetiche.
Os que tem amantes tem motivos de sobra para falar para se justificarem por terem um. É cômico como sempre se tem uma escapatória racional e de posição de vitima àquele que tem um(a) amante. Nesses momentos ser amante é a melhor coisa, pois só se tem a responsabilidade de saciar o outro e se beneficiar disso, simples assim. Nem precisa falar muito, basta saber escutar e dar o que a pessoa pede, seja por palavra, por gestos, por olhares.
Mas há (sempre há um “mas”) momentos de loucura em que os amantes se lembram, ou percebem, ou sentem que são humanos! E é justo nesses momentos que o amantes sente que tem sentimentos, carências, vontades e que também tem vontade de exalar, de satisfazer. E nesses momentos o amante se pergunta: “Caramba, se eu tenho o que ela(e) quer, porque eu sou, afinal de contas, o segundo?”
É algo de complexo entendimento para um amante banhado de sentimentos entender que o que é considerado na relação dele(a) com o seu(ua) amante são as necessidades do outro(a).
Um amante não é segundo plano, bode espiatório ou fuga para o outro por acaso. Um amante é tudo isso por que ele se põe como segundo plano; seus sentimentos estão em segundo plano, seu prazer, planos para o futuro, seu juízo. Pois quem, afinal de contas, em pleno entendimento de seus sentimentos e vontades se dispõe a ser o segundo plano na própria vida?

Sunday, June 27, 2010

Quatro ou cinco anos

Era dia de folga e o garoto não queria ficar em casa, estava cansado de tantos trabalhos da faculdade. para descançar a mente decidiu cansar o corpo e foi andar de skate. Andar de skate sozinho não lhe agrada e por isso ofi esperar seu amigo na frente da escola. E tudo começa nesse momento...
Como quase todo relacionamento, esse também começou com um olhar. Olhar analítico tanto por ele quanto por ela, em que cada cortorno foi gravado por eles. Ele olhou as curvas, o jeito que ela o olhou dos pés a cabeça e dos movimentos do andar, olhou suas roupas, seus cabelos, sua jovialidade e seu sorriso. Ela observou o corpo, o jeito dele falar, sua barba por fazer e considerou toda a fama que ele leva em cada curva que ele tem.
O olhar levou a procura, a procura em conversas, as conversas em vontade de ação até um certo dia que ele passou por ela de carro e lhe ofereceu carona. De forma impressionante ela aceitou e foi guiando-o até próximo de sua casa. Com um sorriso meia-boca ele pediu seu beijo de tchau e ela o deu na buchecha, ele retrucou e pediu mais um. As mãos dela tocaram o rosto dele, os lábios se tocaram também. Um beijo rápido mais gostoso, com saída rápida do carro por parte da menina, talvez por não querer manifestar qualquer outro sentimento, ou não ter qualquer outra ação.
Conclusão: Quatro ou cinco anos não atrapalham o surgimento do tesão.

"Não nos pertencemos". Essa era a frase lema dos dois que afirmavam de pé junto o relacionamento só por vias da excitação. Não se viam com frequencia, mas consiguiam sair felizes de uns minutos a dois. Os abraços eram apertados, os beijos tensos, o calor grande.
Com amigos em comum, deu um dia de os dois irem para a mesma festa. Como é cômico ver duas pessoas se querendo e mantendo segredo disso para os amigos! Cada um fez a vida ao seu modo único, ele bebendo com os amigos e conversando com as meninas e ela abraçando e conversando com seus amigos.
Não era esperado que alguém que tinha a ideia de não pertencimento ficasse com ciúme da outra pessoa. Ele se incomodou com cada abraço e olhar que os homens dava nela e ela olhava de esgueio as conversas dele com as outras pessoas. Por Msn conversaram, discutiram e se apaziguaram.
Conversavam bastante, conversas sempre cheia de insunuações e vontade de ação.
Outro encontro e outra festa. os dois agiram do mesmo modo, mas ele não ficou feliz em ficar denovo com ciúme e resolveu levar a sério o lema dos dois de "não nos pertencemos". Brincou com as pessoas, bebeu suas cervejas e quis provar de outros lábios. Ela não gostou, foi rápida no tchau e mostrou-se injustiçada nas conversas entre eles. ele não entendeu, pois como alguém que falava que não se pertenciam estava revoltada em ver que a frase fez-se ação?
Conclusão: Quatro ou cinco anos não impedem o surgimento de um gostar.

"Desculpa" foi a palavra que mais saiu da boca do garoto. Arrependeu-se de brincar com os sentimentos de ferir a menina que não era mais um mero corpo para ele. Ele de fato não gostou de desrespeitá-la prometeu à ela e se prometeu a não fazer mais isso.
Os beijos quentes voltaram, os abraços faíscantes também. O sorriso do menino era eterno até o momento que via a garota saciando sua mania de abraçar todo o amigo que encontra pela frente. O sentimento de desrespeito mudou de figura e essa fez questão de manifestar sua angústia. Ela não gostou, acha normal abraços e ele explicou que é normal também a frustação dele em vê-la abraçada com outro. Foram conversas pesadas que provocaram tristeza no menino, mas que no fim deu tudo bem, ela disse que entendeu sua dor e tentaria não provocá-la mais.
O tempo trás muitas coisas, entre elas a intimidade, o aumento das vontades, a ardência do fogo. Também apaga fogo e isso pode trazer insegurança, angústia, medo.
O fogo pode diminuir porquê o fruto verde do sentimento pode ter amadurecido, ou simplesmente lenha deixou de ser posta. E isso surgiu nos dois também.
Conclusão: Quatro ou cindo anos não bloqueou o medo de ambos de se amarem.

Saturday, June 26, 2010

Love love.

Se alguém não acredita na subjetividade, provavelmente não crê também na existencia dos sentimentos, pois há no mundo algo mais interpessoal que a maneira que cada um sente, mente, sofre, crê?
Como cada um entende o gostar, o amar. Será que quando amamos temos um sentimento livre de estimulo do outro ou é extamente a existencia deste que faz o sentimento existir? E amar alguém.. o que é amar? Querer para si, desejar o melhor para ela (desde que o melhor seja você, principalmente), a idéia de possuir, de fazer parte da existencia de outros sentimentos do outro e desejar que o outro também seja. Mas será que é só isso ou esse mero escritor é limitado ao próprio modo do que seja amar?
Confuso... Sendo tão dificil descrever, imagine o quão complicado é viver isso?!
E é? Como é cômico admitir que uma das coisas mais dificil de se entender seja uma das mais simples de se viver quando há cumplicidade em ambos os lados, mesmo que os lados sejam de uma mesma pessoa.
É... Existem mesmo coisas indescritíveis e somente vivenciais, por isso vamos amar!

Friday, June 18, 2010

Quanto mais cresço mais vejo o quanto é relativo o sentimento. o quanto é cercado de julgamentos subjetivos, de moral social e de ideais. Há tantos modos de amar, modos que para a sociedade talvez sejam os mais loucos, como os masoquistas, por exemplo.
Será que é errado mesmo um amor masoquista? Quem pos essa condição de "errado" a esse modo de amar?
E porque o amor que sofre é o romântico? Ser feliz é tão bom que não pode ser belo e bom ao mesmo tempo?
Cada um tem mesmo o seu modo único de amar e também de sentir e criar qualquer outro sentimento. Tudo que a pessoa passou, tudo que interpretou das coisas que lhe passaram na vida ajudaram-na a construir a sua interpretação única de sentimentos.
E o grande desafio do homem não é amar o próximo, mas sim de respeitar o modo de amar do outro.

Monday, January 11, 2010

O medo

Vou falar do medo, sentimento multifacetado e multifuncional.
Não vou me prender a descrevê-lo, pois escreveria aqui milhares de "sintomas", mas não chegaria ao medo propriamente dito.
Eu vou mesmo é me arriscar afirmando que o maior medo que todos do mundo têm é do desconhecido. Uma nação tem medo da outra por não saber exatamente seu poder bélico,
o medo do escuro, o medo sentir, o medo de si, o medo em geral.
Quanto o medo é limitante quando o assunto é sentir. Desde a infancia a gente sente, mas quanto mais crescemos mais medo temos de sentir. Sinceramente, quanto mais ignorante, mais feliz.
O medo de sentir, de tentar, nos produz incertezas, ai procuramos no mundo coisas que reforcem como correto viver na incerteza tornando-a certa, usando farses como " eu não disse, eu não disse?!".
O medo do desconhecido, no ponto de vista sentimental, é o medo de se deixar viver.
O gosto, o prazer, a vitória, não são coisas deduzíveis, pelo menos não era pra ser. São coisas para serem experimentadas, vividas!
Vejo o mundo, os limites que existem por imposição nossa, o amor virando vento e a felicidade se tornando objetivo e me pergunto: até quando o medo do desconhecido não nos permitirá conhecer?

Saturday, January 2, 2010

Mais outro sobre amor.

Não vou começar esse texto descrevendo o tempo chuvoso que estava do lado de fora da sala, nem da tempestade que ocorria por dentro do camarada, tão pouco descreverei as olheiras que lhe mudava a alegre feição para uma tristemente memorável. Não vou me prender, não agora, em falar dos cabelos bagunçados, ou da forma arqueada que ele se encontrava ao se prostrar sobre a escrivania. Vou me concentrar no problema, no que levou esse homem de 21 e poucos anos a se lamentar como uma criança lamenta a perda do seu brinquedo favorito; é amor, meu caro.
Não que amor seja um problema, não o é! O problema é não ser amado. Bem... isso em si um baita problema. Milhares de pessoas que passam por ele todos os dias, que lhe sorriem e lhe falam “você é especial” tão menos sente qualquer vontade de estar com ele ( a arte da retórica está mais vida do que nunca!). O problema, para ele, é amar quem não o ama.
É um abuso dizer isso, não? Como saber se alguém não ama um outro se não existiram palavras que expressassem tal? Mudamos então o foco do problema, passou a ser a dúvida, ou melhor, a certeza de não ser amado que a dúvida não saciada constrói na mente de quem ama.
Agora sim é um momento adequado para falar do homem.
Começaremos então por seus sentimentos. Pra que ficarmos nos prendendo a todas as somatizações dos sentimentos se podemos livremente falar deles aqui?
Tudo começou com uma mera intenção, creio ser esse o começo de qualquer coisa, a intenção, a vontade, não é? Pois bem, ele a olhou, gostou do que viu e resolveu galanteá-la. Não era um bom galanteador, cheio de palavras já ditas que ele tinha certeza absoluta que mulher tão linda quanto aquela ouvia aquilo a cada saída que dava para algum barzinho ou balada, mas, enfim, como não tinha nada a perder de início e tudo podia ganhar resolveu galantear. Não tão crente do que dizia sempre achava que nada mais do que educação por parte dela era o que ele recebia perante cada palavra, gesto singelo e sorriso que a mandava.
Quantas explicações você já ouviu falar de como o amor nasce? Será que tantas quanto eu? Já me disseram que os homens procuram a mãe em outra mulher, que o amor é um estado de acomodação, que é uma paixão madura, algo divino, que é aprendido, que é inato, que é sobrenatural... deixa eu ver o que mais... que é querer sorrir só co ma lembrança da pessoa, que é resposta de algo, que é antecedente de tudo que é bem sucedido... explicações para como o amor nasce não nos falta nesse mundo, mas é engraçado como elas não se encaixam para explicar o amor de quem está vivendo tal. Lanço aqui mais uma explicação para o amor. Para mim ele é um descontrole da intenção inicial. Uma intenção que foi sendo coberta por emoções, com conexões com a própria vida do sujeito, com sonhos, objetivos e ideias do mesmo, o que faz aquela mera intenção de simplesmente ter em intenção de cuidar.
Agora, novamente, o problema não é perder o controle da intenção inicial, mas sim não ser reforçado pelo ser a quem se perdeu o controle. É isso que faz as pessoas sofrerem. É a desilusão, a espera, a demora, a frustração, a insegurança e tudo mais que qualquer um que tenha visto a própria vida passar já passou.
Enfim, é isso que fez um homem que tem tudo para estar sorrindo, chorar. Não sei se o que escrevo agora é verdade, mas até o homem mais rico, maduro, completo e sereno do mundo sente-se um pouco destruído quando o amar não é reciproco. É fácil amar, difícil é se deixar amar. É fácil amar, difícil, extremamente difícil, é não ser amado. Até o amor-próprio fica impróprio para a situação do sujeito que não tem a quem amar, ou quem o ame.
Não ser amado nos dói, lhe dilacerou, me mata.