Wednesday, January 26, 2011

Capítulo I

Estávamos todos preparado para mais um dia de festa. Como é bom fazer faculdade, não só por saber que está, pela primeira vez, estudando algo que realmente gosta, mas também pelas festas, pelos amigos, pelas belas garotas que passam pela portaria enquanto você espera os amigos para irem ao bar enquanto esperam o horário da perua sair e finalmente irmos para casa.
_Tá pronto, Dani?
_Nasci pronto, camarada!
Desta vez fomos de carro e a saída da faculdade não tinha como destino nossas casas, mas sim uma festa! Que bom é ser universitário!
Lá chegamos e logo percebi o porque de eu ter gastado quarenta reais para entrar na festa. Lá se via alegria, garotas, mais garotas, meus amigos, as cervejas trincando de gelada, a música que convidava uma dança a dois.
Para esquentar o espírito nada melhor que uma cerveja gelada. De gole em gole tudo vai ficando mais belo, parece que as pessoas começam a gostar mais de você, as meninas começam a piscar, a vida fica mais simples de ser vivida.
Acompanhei o som que tocava e os amigos que bebiam.
Já era 4:05 am, estava tarde, era necessário ir embora. Na hora eu até pensei na bronca que minha mãe daria por eu ter matado aula, mas eu sou adulto, já sei me virar.
_Deixa eu ir no banco de trás que eu tô podre de sono, galera. - falei para os meus amigos que consentiram.
Eu estava com sono e resolvi dormir. Como estava no banco de trás ficou mais fácil para eu deitar. Tentei deitar e o cinto me impediu, então tirei o cinto, na parte de trás os riscos são menores.
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Não sei ao certo que dia que é hoje. Estou meio atordoado com o clarão que as luzes florescente fizeram quando eu abri os olhos.
Perguntei o porque de eu estar ali e me disseram aos prantos que meu amigo dormiu ao volante e bateu de lateral em um carro. Meus dois amigos estavam lá, me olhando. Um com o braço quebrado e outro com um tampão no olho.
Meu amigo que dirigia o carro veio ao meu encontro e chorando pedia milhares de desculpas. Eu falei para ele relaxar e fui erguer a mão para cumprimentá-lo. Foi então que entrei em choque. Minha mão não se levantou, meus dedos não mexeram, meu braço sequer fez algum movimento. Tentei me sentar e não senti as pernas. Abri a boca para falar algo e olhei para minha mãe, ela chorava como todos que me olhavam em volta da cama.
_Daniel, meu filho, você está machucado.
Não era só machucado, eu estava paraplégico.

Thursday, January 6, 2011

Pense nisso.

Aprendi uma coisa faz tempo já, acho que eu tinha por volta de uns 13 anos. Lembro-me quando, para mim, consegui desvendar a expressão em que se dava o entendimento de algo.
Segundo a minha teoria (vivemos criando isso o tempo todo, né?)uma ação, alguma coisa que acontecesse no mundo, tinha uma visão extremamente pessoal, ou seja, quando vemos alguma coisa ou passamos por algum momento o entendimento do mesmo vem diante todo o nosso modo de viver, de ser educado, dos sentimentos que nos produz, dos nomes que damos à eles, o nosso humor.
Para exemplificar: Acontece algo que para você foi desagradável. Por que será que foi?
O seu modo de entender, de ver e de sentir tal fenômeno é o que torna a situação desagradável, não o fenômeno em si.
Toda a ação é somente uma ação sem interpretação. As qualidades delas são totalmente pessoais e subjetivas. Até o entendimento coletivo não é unânime.
Lembro-me que quando consegui ver isso fiquei muito feliz. Lembro que eu fiquei pensando que isso é que era crescer, virar adulto, ao meu ver ser adulto era conseguir ver uma atitude sobre vários focos, não só sobre o próprio.
Quando alguém fica extremamente nervoso com você e você não consegue compreender. É o modo dele de sentir que faz enfurecer, não é culpa sua.
Aliás, há um pouco de culpa sua também, pois em uma relação não há vítimas, só réus.
Então quando ver alguém falando de algo de algum momento da vida, faça o treino de tentar entender pelo outro o que o faz perceber tal momento daquela maneira.
Como diz uma amigo meu: "Pense nisso."

Tuesday, January 4, 2011

Lembranças.

Os raios de sol iluminam o pequeno quarto pelas frestas da armação de madeira da janela. Os pais já não estava em suas camas, somente os filhos que lá permaneciam.
A menina mais velha acorda e coçando os cabelos vai para sala, olha em volta e não acha a mãe nem o pai. Como de hábito infantil, grita o nome dos dois e é atendido pelo pai. Corre em direção a voz e vê o pai no quintal colocando um pano xadrez em cima da velha mesa. A menina sorri e volta para o quarto e acorda seus irmãos menores.
_Jana, Jé, hoje é dia de churrasco!
Os gêmeos acordam num instante e já saem gritando em direção ao quintal. No meio do caminho encontram com a mãe e um saco com muitos pães. Eles começam a pular e a gritar de alegria e a mãe num tom autoritário exigem que as crianças escovem os dentes antes de qualquer outra coisa.
Depois da higiene bucal, de lavarem os rosto e trocarem de roupa as três crianças vão para a sala, assistem desenho na TV preto e branco. A TV colorida já existia, mas nesse tempo tudo que era novidade era comprado via consórcio, coisa cara.
A criança mais velha é chamada pela mãe na cozinha e começa a ajudar no preparativo do vinagrete. A menina mais nova se voluntaria a fazer alguma coisa e a mãe pede para ela passar um pano na casa. A pequena pergunta para o irmão gêmeo se ele fará alguma coisa e ele não responde, está muito concentrado no desenho para ouvir qualquer outra coisa que não seja do universo da fantasia.
A família ouviu uma palmas lá no portão da frente. O patriarca foi atender, era o seu tio.
As crianças vão correndo ao encontro do homem velho, de bigode e cabelos brancos.
_Tio Avelino, Tio!!!
Todos pedem a benção do senhor e o pequeno ajuda o tio com as Cocas-cola de 1 litro.

A mesa já está pronta, tudo está posto sobre o pano xadrez, desde os refrescos até os pães, rúcula e vinagrete.
A moda de viola toca na vitrola, mas a música é somente plano de fundo diante o papo em alto tom dos descendentes de italiano. Falam do passado, pro presente, da política, dos parentes, das saudades, dos objetivos.
A mãe cuida para que o menino não se engasgue com o sanduíche que fez e ao mesmo tempo coloca coca-cola para a outra pequena. A menina mais velha está comendo uma asinha de frango num canto, com a boca toda suja.
Logo depois de comerem as crianças vão brincar, ficam pela terra na frente da casa. Os adultos continuam a conversar e a mulher já começa a limpar tudo, menos a churrasqueira que é de responsabilidade dos homens.

Isso não é um sonho, tão menos uma crônica. É uma lembrança, dos domingos da minha infância.