Saturday, October 31, 2009

Como surgem histórias de amor - parte I

Era para ser um dia especial, tudo estava pronto; as situações, os gestos, as palavras que ela falaria quando ele falasse o que já estava pronto em sua cabeça. Ele sempre foi assim, calculista e de pensamento rápido.
Logo que acordou tratou de fazer a barba e procurar aquela camisa polo com defeito no botão do colarinho, aquela que ela sempre queria abotoar e pra isso chegava bem perto dele e já aproveitava a aproximação como desculpa para um beijo. Ele tinha dúvida entre o chapéu e o boné, resolveu ficar com o chapéu pois isso “o diferenciaria do resto da laia”. Como sempre ele olhou para o espelho da sala para arrumar os últimos detalhes de sua roupa, do seu chapéu e repassar em sua mente a cena que hoje seria produzida por ele como diretor e ator principal e ela como a coadjuvante que nada sabia do filme que estava filmando.

Jonas chegou no portão dela e a chamou, esperou alguns minutos e a chamou de novo, pois, como sempre, ela ainda estava no banho (apesar dele chegar sempre 10 minutos do horário marcado). Ela grita “já vou, entra aí” e ele abre o portão vermelho gradeado rumo a sala de piso de madeira, senta no sofá branco que fica de frente de uma chaleira com uma televisão dentro, “ porque será que uma casa em Campinas tem chaleira?” era o que ele sempre se perguntava quando via a chaleira. Isabela passa por ele de toalha, sempre com a desculpa de que precisa entregar a roupa para a avó passar. Ele imaginava que isso era um modo de atentá-lo, porque o que ele não podia tocar, sendo namorado dela a mais de 9 meses, ele podia ver através dos decotes sensuais e as saias de cinco dedos de tamanho. Passados uns vinte minutos isabela chega com o vestido verde que Jonas a deu, com o cabelo em coque e segurando uma bolsa branca. Ela tinha o dom de ser bela, perfeita. Jonas ao olhá-la lembrava sempre de o que o fez ficar com ela; o prazer. Injustamente, ou felizmente, o prazer foi ganhando contornos de paixão e por fim tornou-se amor, um amor bom de se ter, de se matar e ser ressuscitado a cada beijo e mordida. Ele se levanta e com as duas mãos na cintura dela a conduz a um giro belo para que assim possa ver cada detalhe de sua beleza memorável. Quando o giro acaba ele a puxa para si e dá um sorriso de meia boca, aquele sorriso que mostra que você pensou em algo mas que não confessa o que foi pensado. Isa vê o botão aberto da camisa de Jonas e fala “nossa, deixa que o seu amor arruma”, se aproxima mais um pouco, fica nas pontas dos dedos e lhe dá um beijo gostoso, daqueles que passa o amor revelado e a volúpia escondida, daqueles beijos que instintivamente faz ter mais vontade de beijar, de passar as línguas e por fim morder singelamente os lábios da amada. Jonas leva isa pela cintura até o seu carro, abre a porta do passageiro e no banco ela encontra um buque de uma rosa cor de rosa ao centro, outras vermelhas a rodeando e finalmente rosas brancas rodeando as vermelhas. Como era de se esperar ela o pergunta o porque do buque ser daquele jeito, pois ele sabia que ela tinha conhecimento da sua afinidade com o simbolismo na vida. Jonas ajeita o chapéu jogando um pouco para trás, para deixar os olhos castanhos claros mais a mostra para assim transpassar por eles veracidade na explicação da formação do buque e fala:
_ Esse buque nada mais é que a construção do meu sentimento por você. Primeiro ele era nada mais que algo de carne, uma mescla de idealização com vontade de te ter. Eu me encantei por sua beleza e te queria para mim, querida. Depois que te conheci percebi que você era de fato o que eu sempre quis, tanto em corpo quanto em espirito... sabe porque?
Nesse instante jonas dá uma exitada para falar , sorri para Isa e a avisa que o que ele falará agora parecerá talvez um pouco critico demais, mas que era coisa de gente sincera, daquelas que tem as palavras certas para falar mas não analisa o momento oportuno para que elas sejam ditas.
_ Você é alegre (apesar de ser instável), gosta de conversar com todos (não muito de ouvir os outros, mas tudo bem, querida), tem um carisma imenso com todos a sua volta ( eu sei que te ensinaram a a ser educada, mas não seja tanto a ponto de ser falsa consigo mesma) e incrivelmente bonita – Jonas pensou em dizer que ele achava que muitas vezes era só isso que ela tinha mesmo, que o mundo estava em seu umbigo justamente por ser linda, mas analisou o momentos, as perdas que teria, o tapa, as lágrimas, a reserva no restaurante que seria perdida, e resolveu não dizer coisa alguma. Ver tudo isso em você fez eu ter uma imensa paixão por você, está aí o significado das rosas vermelhas. Mas, minhas querida, os meses foram se passando e eu fui deixando de estar apaixonado por você.
Isa interrompeu o sorriso ao final da frase dele. Ele imaginava perguntas do tipo “como assim?”, “o que?” e “ tá tirando?” sendo produzidas na mente dela e então tratou logo de dizer para ela não pensar muito antes dele terminar de falar.
_ Deixei ser um apaixonado e comecei a te amar, um amor puro, daqueles que mais quer dar que receber Isa. Você me faz bem, você é especial para mim e sabe disso. Seria mentira dizer que deixei de te desejar, mas agora eu te desejo pensando em o quanto meu desejar pode ser bom para você. Gostaria que você compreendesse que minhas intenções com você não são somente quanto ao corpo, como muitos já tiveram por você. Eu quero mais que isso, quero ser o motivo da sua alegria, dos seus sorrisos fora de hora, do seu modo azul de ver a vida. Meu amor agora é mais puro e esse amor é seu.
Isabela sorria e limpava a lagrima antes dela tirar o lápis de seu olho. Ela colocou o buque no capô do carro e se arremessou para Jonas, fazendo Jonas sentir o calor dela, a emoção e um beijo que em cada detalhe dizia “eu te quero para sempre”.

Pronto, a cena estava repassada e ele estava feliz com o resultado que teria. Passou pela porta da sala mas antes pegou a chave do carro, abriu o portão e foi para a casa de sua garota.
Ele estava feliz em estar indo buscá-la para esse jantar, pois antes deles brigarem por uma coisa boba – Jonas não suportava o olhar cobiçador de qualquer macho pra sua fêmea e achava que os olhos predadores apareciam porque ela amava mostrar as curvas por suas roupas – elas sempre idealizava um jantar naquele restaurante japonês. Ele sabia que esse jantar faria ela esquecer dessa ultima briga e das outras tantas que eles estavam tentando por diversas razões; desde “por que você não cumprimentou meu primo de 3° grau?” até “ porque você prefere barezinhos, já que balada é muito mais legal?”. Ele estava cansado de tantos conflitos, eles geram dúvidas e dúvidas não são boas de se ter em um relacionamento.
Jonas avistou de longe isa no portão da casa dela e estranhou; ela nunca foi de esperá-lo lá. Ele parou o carro e ao descer a viu ainda a uns quinze passos de distancia. Ela não estava com cara de muitos amigos, muito menos de uma namorada apaixonada por seu namorado. Ele foi chegando perto com um sorriso educado e quando foi abraça-la ela não ergueu os braços, não ergueu o rosto, não reagiu a nada, deu a lágrima e um grunhido de raiva sair e simplesmente falou:
_Rosas vermelhas é paixão, não é?

Sunday, October 11, 2009

Como surgem histórias de amor - parte II

Isabela estava possessa com o que ele tinha feito
_ Jonas, você dá flores de aniversário para uma amiga minha, para a minha melhor amiga, e quer vir apontando os MEUS defeitos? Como acha que eu me senti ao saber que você foi ontem cedo à casa dela entregar rosas vermelhas como presente de aniversário para ela? Jonas, elas me disse por telefone isso! Como você se sentiria se eu desse para alguém algo que eu te disse que era só pra ser seu?
Jonas já havia percebido que o plano dele já havia ido por agua abaixo. Querendo deixar a amiga dela, que também ela amiga dele, feliz ele acabou produzindo mais uma conversa para ser desconversada. E desconversar era a habilidade que Jonas mais gostava de ter e logo tratou de pô-la em prática:
_ Isa, você diz “eu te amo” para qualquer amigo seu, para qualquer sujeito! Você usa as mesmas palavras para declarar o seu amor para mim assim como para declarar seus sentimentos para um coleguinha. O que acha disso?
Isabela nunca havia pensado nisso, mas não era agora, nesse momento de fúria extrema, que ela pensaria nisso. Ela queria que Jonas se redimisse, admite-se o erro e fizesse algo. Ela não queria mais nada dele, mas ainda o queria. Era complicado, difícil de entender, mas era algo real em sua mente; querer não querendo.
_ É diferente, Jonas. Eu sempre disse que amo meus amigos.
_ Tudo bem, assim como eu sempre dei flores para as minhas amigas!
_ Mas, Jonas, foram rosas vermelhas... VERMELHAS! Onde estava todo o significado que você põe em rosas vermelhas de amor, respeito e tudo mais que você sempre declarava a cada aniversário de namoro?
_ Estavam comigo,Isa. Mas você tem que entende que diferente de você, eu não a quero. Ela recebeu rosas vermelhas porque não tinham amarelas na floricultura!
Jonas já não conseguia mais suportar tanta frustração. Primeiro a amiga dele se mostrou uma tonta, usando de flores para criar rixa entre um casal já não tão estável. Segundo o plano dele tinha se sucumbido com essa surpresa infeliz, sem contar que ele estava cheio de ver toda a porcaria que a vida dele se tornou depois que ele conheceu a Isa; Ele queria construir um amor, queria mesmo, mas era sempre impedido pela imaturidade dela e pela sua preocupação com o julgamento do mundo. De repente Jonas começou a sentir uma angústia no peito, como se estivesse havendo dentro dele uma luta entre duas forças, uma que queria se mostrar e outra que a repreendia. Ele olhou para a Isa e viu que a beleza dela não estava lá, não que ela tivesse envelhecido trinta anos em dez minutos, mas ela estava com a feição de alguém que lhe dava nojo. Jonas pensou “ Que se foda” e então falou:
_Quero ver se tirarem essa sua maquiagem, destravarem esse seu sorriso programado e abolirem os sutiãs de enchimento se você será tão poderosa e confiante assim. Se um dia acabarem com todas as formas de você se mostrar diferente do que é por dentro, minha querida, se você conseguirá suportar dia após dia a sua realidade.
Alívio imediato. Jazia meses que ele reparava o quão falso era a originalidade dela, o quão fraca ela seria caso não fosse bonita. A força dela não vinha de dentro para fora de si, mas o inverso. Ela era como Sansão, mas os seus cabelos eram os elogios do mundo.
Ela não soube o que falar, na verdade ela nunca tinha ouvido aquilo. Tudo bem, muitas meninas já a chamaram de feia, lambisgoia, metida, mas não passavam de invejosas. Já esse menino não. Ele de fato já disse “eu te amo” de um jeito que ela jamais tinha ouvido. Ele de fato olhava diferente para ela, como que os olhos deles vissem por de trás da pele escondida pelo blush, como se seu olhar penetrasse além dos lindos cabelos loiros escovados e hidratados. A percepção dele ia além dos contornos dela, ela sentia que ele via algo mais, ele conseguia ver a alma fragmentada dela. Contudo ela não podia mostrar o que ela estava sentido, ela tinha que se mostrar tão forte quanto uma rocha e tão confiante quanto um Miss:
_Se você acha que eu não sou tão boa assim, vá procurar outra, porque essa mulher aqui, meu bem, tem quem queira.
Ele sorriu de meia boca e ela não gostou disso. Ela sabia o quanto ele era esperto e sabia esconder emoções. Como alguém que era tão romântico podia ser tão frio? Ela observou que Jonas não era mesmo feio. Ele era estiloso, educado nos movimentos, sensual no jeito de direcionar a vista. Ele pôs uma mão na cintura e com a outra coçou a nunca, sorriu de novo e falou:
_ Isa, é inevitável não te desejar. Sua beleza é inquestionável, você sabe disso e cuida disso. Mas será que é ela, a sua beleza, durará toda a sua vida? O tempo vai embora e leva consigo tudo que é belo em você, mas não levará seus problemas embora, porque tua beleza foi obra do tempo e teus problemas são obras do seu modo de lidar com ele. De que adianta amar alguém que não sabe da onde vem o amor? Aliás, Isabela, você me ama mesmo? Ama a mim o que lhe dou por ser quem sou?
A fúria era clara nela. Já não havia mais esmalte em suas unhas, pois quanto mais se prolongava essa conversa mais ela os tirava. A boca já estava amarga com tudo isso. Como ela odiava essa coisas! Falas difíceis, reflexão em momentos tão ruins. Porque será que ele se deliciava tanto em apontar-lhe os defeitos? Parecia que quanto mais ela queria sorrir pelas suas qualidades mais ele lutava para mostrar-lhes os defeitos.
_Jô, se eu sou tão fraca, pré-potente e horrível quanto você fala, porque ainda está comigo?
Ele já sabia o que falar e sabia também que o que falaria não tinha nada a ver com o que sentia. Como sempre ele já tinha na mente tudo pronto.“Como seria bom falar que tudo por tesão sem ser julgado de cafajeste” ele pensava. Ele tinha tudo tão perfeito que de vez em quando ele se pegava perguntando a si mesmo se até os seus momentos ruins foram criações dele só para ter controle da situação, mas ao mesmo tempo que vinha a questão vinha também a resposta reconfortante: “Claro que não”. Ele estava esperando essa pergunta há tempos. Ele não queria ser o responsável pelo fim, por isso esperava por isso. A situação já não era sustentável, ele se via cada vez mais fraco que forte ao estar do lado dela, já tinha percebido que ele a sugava por não ter mais reservas de felicidade dentro de si. Ele sentia estar ainda com ela como uma vingança que ele executava por ter em mente que ela era responsável por sua atual fase frágil, afinal, era ela que ele estava amando.
_ Verdade, por que estou com você mesmo? Ah é, porque eu te amo... Te amava. Não consigo mais, perdi as razões para isso.
Deu-lhe um beijo na testa e alisou-a a face. A viu pela última vez rapidamente, querendo não sentir prazer ao vê-la tão triste quanto ele estava e foi embora, lutando internamente para não olhar para trás. “Será que ela ficou perplexa? Brava? Quem sabe ela estava querendo chamá-lo?” Não... Ela era orgulhosa demais para chamá-lo, ainda mais depois de tudo que ele falou. “Será que ela já tinha entrado e foi mais uma vez chorar e falar mal dele para a mãe?”
Já dirigindo e chorando ele percebeu que deixar esses momentos em sua cabeça não seria nada bom, mas que tirá-los dela não seria nada fácil e para não deixar em sua mente, tudo isso não passaria de linhas rabiscadas em um caderno. Jonas chegou em casa secando as lágrimas e engolindo o choro para que sua mãe não saísse perguntando se era novamente culpa daquela menina que ele estava sofrendo. Entrou em seu quarto e fuçou no seu armário, pegou o primeiro caderno que viu, um verde com alguns desenhos e escreveu:
Dia 08 de outubro de 1998, dia em que descobri que o amor pode sim machucar.

Tuesday, September 15, 2009

Angustiar-se é necessário.

Ele não conseguia entender porque tudo estava tão complicado. Tudo estava tão feio e sem cor, de difícil percepção. O que estava lhe acontecendo? Geralmente ele era rápido nas respostas, no modo de agir, mas depois de sentir pela morte que não adianta ser rápido no pensamento se não sabe o porque se está pensando foi que ele caiu no cinza do mundo. As respostas rápidas na verdade era o modo mais fácil dele se esconder de si, pois a velocidade no pensar é igual a velocidade quando se corre com um carro: você não consegue apreciar todas as belezas do mundo além de correr um grande risco de não acertar onde quer ir. E foi isso que lhe foi acontecendo durante a vida. Ele não se dava tempo de refletir nas dores, angústias, ganhos e perdas que teve durante os seus 25 anos. Ele simplesmente pegava a primeira impressão e a guardava como impressão verdadeira e única.
O mundo que esse homem via não era nada mais que o mundo que ele tinha dentro de si. O mundo externo é visto de acordo com o nosso mundo interno. A beleza não está no objeto, mas no que sentimos, lembramos e vivenciamos ao vê-lo. Se dentro de nós não houver um pingo de beleza o mais belo entardecer da praia, a gloriosa benção de um nascimento não será visto nada a mais que um fator natural. O mundo torna-se mais compreensível quando vamos nos compreendendo aos poucos, desvendando os nossos preconceitos, medos, nossas justificativas e vendo se elas estão mesmo sendo ainda boas para nós. Quem não conhece, ou não para para conhecer, a si mesmo, não entenderá o mundo, mesmo que ele seja tão simples quanto respirar.

Vinculo, do início ao fim.

Por muitas vezes me vi observando os outros, e a mim, a tristeza que sentimos ao perceber que perdemos alguém e, depois de um tempo, que o quanto fomos bobos em termos nos importante tanto com tal perda.
Primeiro temos que deixar claro que não perdemos pessoas, pois elas simplesmente não são pertences nossos! Perdemos o que elas nos fazia, o sentimento quanto a ela que ela criava em nós. Perdemos o que ela construía e o modo com que ela nos fazia sentir as coisas do mundo. Perdemos as ações dela, não ela. E é isso que lamentamos quando alguém deixa de estar ao nosso lado, que em outras palavras é o vinculo.
Um vinculo é uma troca de ações regadas de sentidos e sentimentos que enquanto for vantajoso para ambos será mantido. E o que não podemos deixar de ver é que, apesar de todos termos vínculos com alguém, cada qual tem a sua maneira, a sua razão, para se vincular com alguém. Quando um vinculo acaba é que acabou a motivação de unir-se àquela pessoa por aquela razão primeva.
Um relacionamento não é criado, ou pelo menos não o vejo assim, como um circulo vicioso, em que se recebe o que se deseja e dá o que o outro quer, sempre nisso. Funcionamos sobre uma razão inicial, lógico, mas essa nos traz outras razões que necessitam ser saciadas, assim como na outra pessoa. É um encadeado de renovação de sentido para continuar querendo estar com a pessoa. Percebi que não é sempre que fazemos isso de ato pensado, é um ato consciente porém não percebido caso não paremos para refletir.
Então quando nos vermos nessa situação, em que um vinculo acabou, pense o que acabou em você, ou o que provavelmente tenha acabado no outro, para o ponto final ter passado a existir.

Tuesday, August 25, 2009

Empatia

Veja o quão somos fáceis. Os segredos existem para aqueles que acreditam neles, ou para aqueles que não observam o mundo. Hoje depois de uma ligação tive um insight: o que mais tememos e odiamos no outro é a possibilidade e a certeza dele ser tão fraco como nós. Tememos que o outro seja tão fraco e vulnerável quanto nós!
É por isso que temos que ter cuidado com nossas ações. Elas não ajudam só a determinar para o mundo o nosso caráter, o nosso jeito de ser, mas também o que o mundo tem o direito de fazer em nós. A lei física de “toda a ação tem uma reação” poderia socialmente ser completada assim: toda ação tem uma reação igual em algum dia da vida. Quando fazemos algo à alguém damos diretamente ao mundo o direito de fazer isso conosco, isso chama justiça.
É dolorido, mas é um modo de aprender o sentido da palavra empatia.

Thursday, August 20, 2009

Como conquistar pessoas

Ultimamente venho pensando em o que fazemos pra conseguir conquistar as pessoas a nossa volta e percebi que consegui encontrar alguns ponto em comum de conquista entre todos os seres vivos. Conquistar não exige grande inteligencia, mas sim grande esforço. Pois a vontade e o esforço é que faz a gente se tornar sábio e bom.

O essencial de tudo é ser observador. Quem observa o mundo a sua volta começa a pegar as “dicas” que as pessoas passam sobre elas. É observando, olhando, ouvindo e pensando que você descobre do que tal pessoa gosta, que música a agrada, que tipo de passeio ela curte. Quem não observa fica sempre sendo a mesma coisa. Quem se tranca no próprio mundo não abre as portas da mente para todo mundo que espera ser visto, lido, ouvido e aprendido. É sempre bom ter atenção nas coisas que ouve, nas expressões que as pessoas fazem ao ouvir alguma coisa. Lembre-se sempre da frase “inteligente é aqueles que aprende com os próprios erros e sábio é aquele que aprende com o erro dos outros”. Aprende com o erro dos outros aquele que vê a dor, ou a alegria, ou a tristeza, ou a satisfação que o outro sente ao viver determinado momento. Aquele que observa consegue aprender antes que alguém pare pra lhe ensinar e estará sempre um passo a frente na hora de conquistar alguém.
Tudo que passa por nossa vida no ensina algo se assim quisermos, bastar parar um pouco e refletir sobre o que aconteceu. Pensar em perguntar como - “ por que isso aconteceu?”, “o que aconteceu antes de acontecer isso?” “ o que isso que aconteceu pode me ensinar?” - nos ajudam a entender um pouco melhor o mundo, e é quando entendemos aos poucos o mundo que vamos entendendo aos poucos as pessoas e assim conseguimos conquistá-las. Até filme e novela nos ensinam como conquistar e fazer a pessoa voltar a atenção dela a você, basta você observar e pensar como adequar aquilo que foi visto em sua vida.
Quando você já consegue observar e pegar as coisas do mundo a seu favor o passo seguinte é pensar, pensar muito mesmo. Afinal, de que adianta saber muita coisa, ter visto muita coisa, se não sabe quando falar ou mostrar tudo que sabe ao mundo?

Pensar pra falar e para fazer é fundamental para aqueles que querem conquistar alguém. Mas não vá pensando que pensar para falar é deixar de falar verdades, é começar a esconder as coisas que tem dentro de si. Pensar para falar é elaborar um jeito de falar tudo que sente sem ofender os outros. É não deixar de ser sincero.
Aliás, eu acho que a principal parte da conquista é isso mesmo; é falar as coisas VERDADEIRAS PARA NÓS sem machucar as pessoas. Por exemplo: alguém está te irritando muito mesmo e você pensar em chingá-lo, mas em vez disso você diz “cara, você não está sendo legal, para ae.” Viu como você foi sincero e não machucou o outro, nem provocou uma briga? Isso é pensar para falar. E sabe qual é a consequência direta de pensar para falar, que é também o próximo passo para conquistar alguém? É ser educado.

Uma pessoa educada é aquela que não ofende os outros, que sabe como ser em determinadas ocasiões. Por exemplo: quando se está em uma festa é normal pular, gritar e dançar, mas na sala de aula isso não é correto, porque atrapalha as pessoas que estão estudando e tira a sua própria concentração nos estudos. É normal fazer piadas quando se está com um monte de amigos, mas é sem educação fazer piadas da cara dos outros. Todo mundo gosta de dar risadas, mas pensa se é bom quando dão risada de algo que é seu e te incomoda. Por exemplo, você não gosta do seu nariz e todos fazem piadas dele. É ruim e ofende. Isso de zoar com os outros nem sempre é uma atitude educada. Para conseguir ser educado e não deixar de ser engraçado você tem que considerar tudo que já foi lido até aqui, ou seja, ser observador (para ver se a pessoa com quem você está brincando gosta de brincadeiras), pensar para falar (pensar para perceber que a brincadeira que você quer fazer vai ser engraçada ou não para a pessoa) e educado ( saber dizer de maneira que não machuque a pessoa, ou até mesmo deixar de falar.
Sabe aquelas coisas que os mais velhos sempre dizem, tipo essas:
_ Se você não tem nada de interessante para falar, não fale nada!
_ Use as palavrinhas mágicas: Por favor, obrigado, licença.
_Pensa para falar, menino!
Então, tudo isso que dizem é pura verdade e são essenciais para alguém que quer conquistar outras pessoas não pelo o que tem, mas pelo o que é. Pois é bem mais fácil as pessoas “gostarem” de você quando se é rico, bonitão e tem carrão. Mas o belo mesmo sãos as pessoas gostarem de você porque você tem algo de especial para dá-las, porque você é simpático, carinhoso, fala bem e sabe fazer qualquer um feliz. É conseguir se mostrar especial para o mundo mesmo sendo parecido com todos a sua volta. Afinal, o que você prefere: que as pessoas te amem por você ser rico, ou te amem por você ser você mesmo? Nem sempre conseguimos ficar ricos e com carros enormes ( não que isso seja impossível, exige grande esforço e pode acreditar que tudo isso que está escrito aqui pode te ajudar e conseguir dinheiro, caso você faça por merecer), mas sempre podemos ser simpáticos e amorosos com quem vive por perto.

Agora pensa em uma coisa: A vida não fica sempre mais fácil quando se é bonito? Verdade, o mundo inteiro valoriza muito a beleza... ser forte, rosto bonito, cabelos lisos. É essencial para a conquista ser bonito e atraente.
Mas vamos, antes de tudo, vamos pensar no que é “ser bonito”.
Qual o padrão de beleza masculino hoje? Ser alto, forte, cabelos lisos e com carrão. Quer dizer que quem é magro, baixo e cabelo cacheado não é bonito? Se para as meninas o padrão é ter seios grandes, bumbum arrebitado e loira, então as meninas que tem pouco seio, pouca bunda e é morena é feia?
A resposta é NÃO!
Ser bonito não está só em você estar no padrão de beleza do mundo, mas sim em ser diferente no meio de tantos iguais. Pensa comigo: no meio de um monte de laranja podre a laranja que você quer, a que você procura, é sempre a laranja boa, madurinha e com cara de deliciosa, não é? Então, é isso que nós devemos tentar ser: a laranja madura e saudável, a laranja diferente das demais. Ser bonito está em você ser agradável aos outros, e não somente agradável aos olhos. Já vi muito na minha vida uma pessoa ir conversar com outra porque era bonita e no final sair da festa com um menos bonito, mas com mais papo. A beleza que digo quer dizer cuidar de si mesmo. Cuidar do corpo, da pele, dos dentes, isso é bom para si mesmo e para as pessoas que convivem com você, porque, imagina... quase não existe pessoa que gosta de alguém que seja fedido, com bafo e sujo. É bom fazer exercício, trabalhar o corpo e trabalhar a mente. É legal pra si mesmo querer ficar bem, ficar limpo e não sentir que seu cheiro ou seu hálito está afastando as pessoas. Afinal, é bom ser legal, ter assunto, ser super simpático, se as pessoas se afastam de você porque você vive sujo, fedendo e tirando caquinha do nariz?

Se você conseguir ser observador, pensar para falar e fazer coisas que não ofendam os outros, ser educado e cuidar de si ( para ser bonitão) você pode ter certeza que conseguirá com muito mais facilidade conquistar as pessoas.
Uma coisa que não posso de forma alguma garantir é que todos irão gostar do você, pois nada no mundo agrada o mundo inteiro. Existe mesmo pessoa que gosta de gente não seja legal, que seja suja e não se comporte bem. Isso tem a ver com toda uma vida que a pessoa viveu e os “por que” da vida dela, algo que não tem nada a ver com esse texto.
O que tentei passar aqui é o que a maioria gosta. Mas veja, se você for observador e refletir sobre o que vê e sente você saberá dizer para si mesmo quando uma pessoa é boa para você ou não. Através da observação você poderá saber se a pessoa gosta ou não de você, se você está sendo legal com ela, se o que você vai fazer será bom ou não para você. Pensar é preciso. Nunca tenha preguiça de pensar, pois quem faz as coisas sem pensar acaba não assumindo as consequências e isso faz passar para o mundo a imagem de covardia e/ou burrice.
Uma dica importante: quem lê geralmente tem mais assunto e sabe falar mais bonito, e isso as pessoas gostam muito! Não falar difícil, mas falar de uma forma que as pessoas entendam melhor, sabe?
Bom, agora só depende de você querer entender e fazer isso. Pode acreditar que no mundo sempre terão pessoas dispostas a te ensinar a ser uma pessoa melhor, assim como terão pessoas querendo te ensinar a ser ruim. Só depende de você escolher entre as pessoas que te farão bem e as pessoas que te farão mal. Sempre que você perguntar existirão pessoas que saberão responder, nem sempre as resposta correta ou a resposta que você quer ouvir, mas cabe só a você pensar na resposta e tirar suas conclusões. E sempre se deixar livre para aprender mais e mais com a vida.

Boa sorte!

Saturday, February 14, 2009

Apesar de ver as circunstâncias, não vejo mais motivos para guardar rancor das pessoas. Afinal, as pessoas só nos tornam desagradáveis porque não se encaixam aos nossos padrões, não por que são necessariamente ruins.
A felicidade não é só um sorriso. Percebo isso em vários rostos que riem e ao mesmo tempo tem almas que choram. O ato de estar feliz é um pouco mais complexo, mas ao mesmo tempo simples de ser vivido. É simplesmente não negar-se. É abraçar quando quiser e/ou precisar. É dizer eu te amo quando há amor. É esquecer o medo e fazer e valorizar as atitudes.
(Não negar-se não implica em machucar as pessoas por você não ter capacidade de engolir alguns milhares de sapos em tua jornada.)
O amor é o sentimento mais valioso do homem e a sensação mais gostosa de sentir.
Desejo é vontade de ter a pessoa, é pura possessividade.
O medo é algo fora de qualquer explicação a mim.
As demonstrações de quaisquer sentimentos têm a mesma valia que a ausência das mesmas.
Ganhar é tão fácil quanto perder. Alegrar é tão simples quanto decepcionar.
Não podemos esquecer que todas as pessoas que nos agradam só nos agradam por se encaixarem em nossos padrões.
Agora, pense: - Por que devemos ter padrões próprios?
O simples fato de ser humano, ou ser vivo, já não é o bastante para possibilitar o amor entre nós?
A vida é um livro e nós não somos leitores, somos escritores. Por isso não devemos "deixar", necessitamos "fazer". Terá sempre alguém fazendo algo para a tua vida se não fizer. E com qual razão você falará que é livre, se são os outros que estão fazendo tua vida?
Isso não quer dizer que não precisamos das pessoas. Necessitamos incessantemente das pessoas. Mas isso não quer dizer depender delas, e sim também ser parte das ações que farão à vida acontecer!
A vida é uma estrada, da qual as pedras quem coloca somos nós!

Thursday, January 29, 2009

Vodca e sussego

Hey, garçom, manda aqui nessa mesa um pouco de paz, sossego espiritual e um litro de vodca. Manda-me essa vodca para eu, junto com meu fígado, ir morrendo aos poucos.
Hoje estou aqui novamente para lamentar sobre o copo a dor de ter tanta dor assim para doer. Se isso que estou sentindo, esse aperto, sentimento de solidão e falta é tudo saudade, eu quero que ela vá para o inferno. A odeio. Odeio as duas: O sentimento e quem o faz existir.
Era doce. Uma moça doce. Sorriso infantil com malícia adulta. Algo que eu amava. Mulher que eu amei.
Não me lembro mais ao certo quando que o doce começou a me amarrar a boca. Mas mesmo assim não queria deixar de degustar cada segundo, quando os tinha, de prazer em tê-la em meus braços, em meus lábios, comigo.
Ela era doce, ela era amarga. Uma doce amargura que temperou meu coração com amor, meu corpo com desejo e minha mente com pecados, pecados estes que só um louco poderia cometer.
E eu, garçom, vodca e mesa, era louco por ela. Permaneci delirante nesse amor até o dia que fui encharcado por uma série de desilusões.
Desilusões mesmo, pois ela só se tornou amarga por não ser o tipo de doce que eu apreciava. Mas mesmo assim, me dispuz a gostar disso.
Mas pena que a loucura tinha acabado e a amargura se mostrou mesmo algo repugnante. Mesmo assim, não deixei de amá-la, desejá-la.
Não era por ser louco que eu amava, era por amar que me tornei louco.
Cessou, finalizou, morreu.
Gostaria que fosse o vício que adquiri, mas foi à esperança mesmo. Recomponho-me agora com o que me mata, deliciosa vodca.
Pelo menos esse mal só me amarga a boca, não o coração.

Voltar para frente

A cabeça era o peso que modificava a forma original do travesseiro de penas de ganso do jovem que sobre ele pensava. Era seu hábito rotineiro deitar com o rosto sobre o travesseiro e refletir sobre o dia até o momento que não conseguia respirar mais. Era seu pequeno masoquismo noturno e matutino, o qual ele dava a razão de ainda estar vivo, pois, segundo ele, sem essas reflexões ele deixaria de ser ele mesmo; um amargurado.

Dia normal de terça-feira, do qual se reflete, se acorda, reclama do hálito, dos sonhos que teve dormindo, das dores de uma noite mal dormida, do café gelado de ontem que ele não se dá ao esforço de esquentar, só de reclamar. Já dentro do carro e com sua roupa social se prepara para mais um torturante dia de trabalho. Ele se depara todo o dia com a mesma questão: “Onde eu estava com a cabeça quando resolvi fazer psicologia? Talvez eu fosse mais feliz se tivesse continuado burro.”.

Fazia pouco tempo que ela tinha conseguido trabalho naquele posto de saúde público. O posto até que era grande, com muitas alas e quartos, mas ele fazia questão de se restringir somente a cozinha e sua sala. Ele já havia se conformado em morrer como funcionário público, já que não tinha mais clientes particulares, pois seu mau humor não fazia bem nem para as plantas harmonizadoras de ambiente que havia lá.

Justamente nessa terça-feira o dia começou com uma surpresa. E ele odiava isso. Porque tudo não podia ser milimetricamente calculável e previsível como ele fazia questão de ser a sua vida? O corredor que dava acesso para sua sala estava interditado de macas do ambulatório que estava sendo limpo. Ele então pegou o corredor de trás, que na verdade dava até um menor tempo para ele chegar à sua sala, mas como desde o primeiro dia era o outro que ia, era o outro que preferia. Quando chegou, outra surpresa; “sala fechada para dedetização”. Onde trabalharia? Foi direto conversar com a enfermeira e ela respondeu que daqui uma hora estaria liberada, para ele aguardar em algum lugar que logo lhe liberariam a sala de reuniões para os seus atendimentos.

O frustrado psicólogo, de cabelos não tão arrumados em comparação com o status que ela queria apresentar ao usar suas roupas sociais, sentou ao lado de um senhor que aparentava 60 anos;

-Bom dia, moço.

-Doutor, meu senhor.

-Tudo bem, mas não deixou de ser moço, tudo bem?

Ele jurou que se não fosse pela idade do vovô ele teria perdido já dois dentes. – --Tudo, tudo sim.

- Nunca o vi por aqui, é doutor de que?

-Psicólogo, senhor.

-Que ótimo, moço! Como é bom saber de tudo que nos pode levar à loucura, né? Assim você pode ser um louco consciente!

-A vida não é tão simples, senhor. Há coisas bem maiores e mais complicadas de se fazer do que ficar usufruindo da aposentadoria. Ele tinha total certeza que essas palavras deixariam o velho mudo por alguns momentos

-Para ser aposentado ter que ter trabalhado, ora. E o velho sorriu.

-Tem que ter sofrido.

-Sofrimento? Não! Você devia se envergonhar, moço! É tão novo, belo e cheio de saúde! Mas vejo que você tem uma doença incurável.

- Ah é? E qual seria? – O deboche tomara involuntariamente a voz do psicólogo, como um vovô doente poderia lhe dizer o que tem?

-Você tem sofrimento opcional.

-Oh, vejo que é um problema mental, então, né? E quem melhor que eu mesmo para saber disso?

-Alguém que em vez de reclamar do que conseguiu e lamentar pelos caminhos que decidiu não seguir no passado vive feliz por tudo que conseguiu e a ainda sabe sonhar.

Arrumar sua gravata foi a única saída que ele encontrou pra pensar na resposta que daria ao abusado velhinho que parecia querer lhe dar um ensinamento daquilo que ele era formado doutor. Ele até chegou a abrir a boca, mas o senhor puxou o fôlego primeiro e começou a falar:

-Veja como é fácil para todos nós se não conversássemos com qualquer pessoa. Ela passaria por nós e não se intrometeria com gente. Mas também não nos adcionaria qualquer coisa de bom em nós.

-Mas como sabemos se o que o outro tem a falar é bom ou ruim? –O psicólogo sem desejo de ter feito tal pergunta a fez. Ele se sentiu bem e mau ao mesmo tempo. Fazia tempo que não se deixava levar pelos impulsos naturais.

-Não sabemos, mas é essa a graça da vida! Se for bom, amém se for ruim é bom!

-Bom? Como o mal pode ser bom?

O velho riu. Não aquela risada de sarro pela ignorância do doutor que já estava arqueado em seu lado segurando o suporte de soro em meio aos dois para se equilibrar, mas pela satisfação de saber que falaria às frases que mais gostava de dizer:

-De tudo tiramos proveito, até da morte, moço. O lado bom e o lado ruim não estão na situação da sua vida, mas na interpretação que você dá a essa situação.

Como algo tão óbvio parecia tão profético para ele? O psicólogo ficou desconcertado. Mais que milesimamente o seu dia, a sua noite, as suas reflexões, a sua vida passou pela mente e ele percebeu o quão cinza era a imagem, o quão negro estava ficando a cada passo a sua vida e o quão colorido tudo estava ficando quando ele passou a se imaginar sorrindo em cada situação que passou. Ficou se imaginando dando bom dia para todos, dando risada do pneu furado, da criança querendo pegar sua gravata em uma consulta. Ele precisava fazer tudo de novo, tudo que fazia quando novo. Ele afrouxou a gravata no mesmo instante em que se lembrava que não era um ato burro ser psicólogo, era um ato nobre ouvir e ajudar a resolver problemas da vida. Lembrou de tudo e resolveu que por ontem, por hoje e amanhã que faria do positivismo, de início condicionado, pois a casca negra estava dura, seu parceiro.

-Senhor, o que senhor teve para ser assim?

-Tive não, tenho. E a vida me deu meios de ver o lado bom.

-Meios? Quais?

-Os caminhos, as ocasionais imprudências humanas, os out-doors, as pessoas e meu câncer.

Wednesday, January 28, 2009

Unknown Parnasian

Ela não era desse mundo. Muito menos de qualquer outro. No olhar já deixava claro não pertencer a lugar algum. Soberana entre muitos, qualquer uma em si – desdenhava a vida fumando e bebendo em qualquer calçada: nada lhe preocupava. Tragando cigarros fazia poses, como se estivesse na frente de François Truffaut. Com vodka nas mãos, dizia coisas como se fosse protagonista em La Peau Douce. Entretanto, o pano de fundo de suas sarjetas eram apenas morros, não muito parisienses.
Adotou identidades quando descobriu ser adotada. Era um mistério rodeado por fumaça. Uma cortina nunca aberta, e um encanto nunca fechado. Muito nova, já freqüentava bares. Sentava-se ao balcão e pedia doses e doses, tudo pago por bondosos senhores. Na verdade, todos pagos por ela; já que dançava de graça no colo de homens que babavam às suas curvas bem alinhadas.
E assim, nos dias que se sentia bem cantava La Traviatta e se entregava a qualquer um sentindo-se afortunada. Favores que a saciavam, e que ela saciava. Até perceber que poderia beneficiar o corpo e o bolso, com seu apetite enigmático.
A bebida fácil lhe instigou. O dinheiro fácil lhe conquistou. E achava tudo simples, por dar o que nunca havia sido seu: sua probidade.
Os pulmões mais velhos do que ela: ofegavam: pausa!... Apenas para respirar, nunca para pensar. Impulsiva, não escolhia a quem amar.

Hoje ela com a mesma idade dos pulmões, ofega: pausa!... Já não mais consegue respirar, muito menos pensar. Convulsiva, não tem a quem amar.

Monday, January 26, 2009

Nem tão Bom ou Velhinho (no natal ninguém leria)

Eu não acredito mais na integridade do Papai Noel. Não que eu tenha idade para acreditar. Apenas sei que não há mais espaço para o bom velhinho em minha vida. Ele com aquele saco não me engana nem mais um segundo; muito menos com essa historinha de hena que é veado puxando trenó. E ainda vem com falsos pretextos dizendo que se eu não me comportar, não me dará presentes, ou seja; que desperdiçando 364 dias do ano; sendo boazinha, em um dia ele me compensará. Não existem bonecas e carrinhos tão caros que façam valer tal sacrifício. Talvez uma “lipo”, mas comer direitinho já era um dos seus pedidos.
Descobri que na verdade o famoso Santa Claus vive a eterna idade do lobo. Gastando toda a sua verba, cedida pelo Pólo Norte, (lugar onde ninguém nasce ou morre); para comprar jóias e pagar jantares às mocinhas bonitinhas. E eu não incluída em sua lista VIP, acabei sempre com os piores presentes: sempre Barbie e nada de Ken.
Não estou usando as citações já feitas para influenciar ninguém contra o “Bom Velhinho”. Simplesmente sinto-me obrigada a dizer a verdade: acho-o um grande safado, que usa o feriado mais esperado do ano para ser o mais esperado. Ofuscando as razões natalinas. Aumentando o sentimento mercenário em criancinhas.
E só para mostrar seu caráter duvidoso, percebi que dificilmente ele cita sua esposa. Sendo o clássico homem egocêntrico que tenta de qualquer maneira quebrar o a linda frase: “atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher”. Algo assim... Não me lembro.
Talvez ele faça isso por representar apenas o “GGGrande” mal agradecido que é. Afinal: Quem será que lava suas roupas, ou, costura aquela calça ridícula que deve sempre rasgar? Já que vamos combinar: o Senhor Noel não é nenhum geração saúde. Resumindo, com certeza é Senhora Noela quem faz tudo isso: lava, passa e cozinha.
E sei que se fosse ela nos presenteando, eu não estaria aqui frustrada com as “bonecas que falam” que recebi por vários anos. A esposa do bom velhinho saberia que nem toda menina quer ser mãe prematuramente. Entenderia, que nem todo garotinho que recebe bons carrinhos, os deveria ganhar. Para que não sejam estimulados a serem pilotos – que o diga Rubinho.
Espero o dia que a democracia nos dê o direito de poder votar para o representante dos feriados. Já nos deram o direito de votar em Marta Suplicy; então, por que não? E, todas as minhas certezas não rondam o feminismo de que Mamãe Noela agüentaria o tranco apenas por ser mulher, mas sim por saber que apenas as mulheres sabem dar. E depositando minha confiança em Mamãe Noela, espero simplesmente, que não nos mande apenas relaxar e gozar.
ps. Coelhinho da Páscoa não estou muito satisfeita com você tambem não, esses seus chocolates são duvidosos. Prepare-se.