Friday, December 31, 2010

Repetição de coisas inéditas (Ano Novo)

O ano novo chegou... De novo!
As listas de objetivos serão repensadas e refeitas. mais uma vez haverá a comoção mundial quanto a fazer o balanço do ano.
Teremos São Silvestre, Show da Virada, Retrospectiva, fogos de artifício, promoção de roupas brancas, Espumantes pelo ar... Uma repetição de coisas inéditas. Contaremos regressivamente os últimos segundo do ano, comemoraremos sabe sei lá o que e desejaremos um ótimo ano à todos que passarão por nossa vista até a hora que o cansaço vence e sono nos arrebata.
O dia seguinte chega e juntamente com ele a ressaca de uma noite pouco dormida. pela casa sujeira, pelas ruas sujeira, mas você não fica triste, pois ainda existe o espírito de "Oba, um ano novo!".

Como um ser normal, me pus a pensar. O que será que faz nossas promessas se início de ano continuarem somente promessas? Os planos feitos em momentos de euforia, para onde vão no decorrer do ano? E, principalmente, qual é a diferença do ano que foi para o ano que acabou de chegar?

A nossa vida é feita por nossas ações e pela responsabilidade quanto ao que fazemos. As ações dos outros também influenciam a nossa vida de maneira direta e enxergar isso é necessário. Essas coisas ajudam a estruturar a nossa visão de mundo, as cores que damos à ele.

Se é mesmo necessário, ou costumeiro, fazer uma lista de objetivos à serem alcançados, realizados, coloque como primeira meta:
Tornar-me autor da minha própria história.

O ano novo de todos será fabuloso, rico e virtuoso, tenho certenha!
Mas tenho certeza também que ele será tudo isso se você assim o fizer.

Feliz ano novo!

Thursday, December 23, 2010

Amor-Tesão

A porta se fecha atrás de dois corpos que se unem em um abraço. Ambos exploram um a boca do outro em beijos demorados e profanos. As mãos de ambos deslizam pelos corpos, passando pelos braços, costas, cabelos. Um dos dois, o mais atrevido, começa a erguer suavemente a roupa do outro indivíduo.
Diante de tal ação da menina o homem se sentiu seguro para pressioná-la na parede e beijar-lhe o pescoço. Antes de falar qualquer coisa a mulher já tinha tirado-lhe a camisa e arranhava-lhe as costas, o que lhe deixava muito feliz e desnorteado.
O jovem pensou que foi a vodca que tinha esquentado, ou até mesmo acendido, o fogo daquela bela jovem. Ele queria fazer daquele momento algo único, passível de lembranças, de saudades, pois ele queria ser também memorável à ela.
Foi fazendo tudo devagar, passando as pontas dos dedos suavemente em cada centímetro do corpo liso da mulher. Os lábios percorriam quase que o mesmo caminho dos dedos e ele se demorava mais nos lugares que a moça indicava gostar através da respiração que ficava ofegante.
Ele subiu o corpo e a olhou nos olhos, ela sorria para ele e dizia para ele fazer tudo que quisesse. Ele disse que a amava muito e antes mesmo de continuar sua declaração ela soltou:
_ Faça de tudo comigo hoje, só não me ame.

Tuesday, December 21, 2010

Escravos.

O mundo estava parado para a mulher, a não ser por duas coisas; o ventilador que girava lentamente e os segundos do seu relógio que insistiam em continuar mudando de forma crescente.
Ela olhava para o celular e em seguida para o telefone e pensava que já fazia dois dias que eles não tocavam. Quando tocavam não era quem ela esperava.
Lembrou-se do último contato e das palavras, tentou dentro do diálogo encontrar culpados pela distância.
A primeira vista nada foi encontrado, a não ser ao lembrar que ele disse que ela estava deixando de se importar com as pessoas que disse serem importantes para ela num passado não tão distante.
"Menino insolente." - Ela pensou, no entanto resolveu explorar mais o assunto e enxergou que a rispidez do homem foi resposta as palavras dela, as quais não foram as mais doces.
Lembrou-se em tê-lo dito que ele estava pressionando-a, querendo uma atenção que ele não tinha o direito de cobrar. Disse-lhe também que estava se afastando dele, devido ao cara chato que ele havia se tornado. Lembrou também da pergunta dele: "Qual a maneira d eu me aproximar de alguém que está se afastando de mim?" E se recordou que ela disse que conforme ele fosse voltando a ser legal ela iria voltando aos poucos a querê-lo por perto.

Irônica a vida, terrivelmente irônica.
Como ela iria ligar para ele perguntando o porque dele ter sumido depois de reclamar dele quanto a esse mesmo questionamento?
"Somos escravos de nossas palavras, senhorita." era o que ele falava quase sempre para ela. Agora ela entendeu o que isso queria dizer, compreendeu que ele só sumiu porque ela o repeliu.
A senhorita passou a mão nos cabelos, pegou o celular e começou a mexer nele. Foi em 'ligações recebidas' e viu que lá não tinha uma dele há tempos. Em 'mensagens' o nome dele não aparecia mais.
Lembrou-se dos períodos de silêncio que existiam quando ela acabava de falar, quando a unica coisa que se ouvia do outro lado da linha era a respiração dele. Quando ela questionava qual o motivo do silêncio ele puxava ar e respondia sempre que estava pensando.
As últimas palavras dela para ele foram "Então digeri aí o que falei depois nos falamos." Ouvi-se um murmúrio do outro lado da linha, parecido com o que ele fazia quando sorria.
Ele disse 'a gente se vê' ao desligar o telefone. A jovem sempre soube que ele era sincero e fazia valer suas palavras, mas temeu que pela primeira vez ele se usou da retórica para não ser rude com ela no último diálogo que teriam.

Friday, December 17, 2010

Fim.

Ele precisava falar, mas ela nunca deixava, talvez por receio do que ouviria. Ele também não forçava muito para falar pois tinha medo da repercussão, no entanto ele precisava, ele não estava mais conseguindo segurar.
Durante a noite que passaram juntos, conversando, ele tentou ser o mais adequado possível, mas ele tinha consciência que sua insatisfação era aparente.
O jovem se levantou, avisou que ia ao banheiro e logo que voltou avisou que iria embora. A senhorita não fez muita objeção, parecia que ela até queria que ele fosse embora. Se despediram com um beijo e com um abraço seco e ele se foi.
Ela entrou em casa passando a mão na nuca, aquele movimento de "Estou cansada". Pegou sua toalha no varal e foi tomar um banho. Ao entrar no banheiro viu um papel dobrado no canto do armário de escova de dentes, pegou-o e abriu. Era do jovem que acabara de sair.
"Mais uma..." - ela resmungou para si mesma.
Sentou na cama para ler o conteúdo da carta.

"Te amo, isso é fato.
Lembro bem quando lhe vi pela primeira vez e fiquei desnorteado diante de tanta beleza. Lhe desejei para mim, muito.
Fomos nos conhecendo, ligando um para o outro, brincamos e nos insinuamos também.
O desejo junto com alguns outros sentimentos foi desenvolvendo o amor, creio eu.
No entanto, tudo era sempre difícil. Ou por falta de tempo, ou por demais compromissos, ou por idade, ou por qualquer outro limite que era colocado por você e também por mim.
Não lembro o momento certo, mas comecei a me dar conta que a minha função para você tinha acabado. Parecia-me que você não precisava mais de mim.
E o que eu faria com esse amor que foi se construindo com o tempo, já que você não precisa dele? Tentei lhe falar, mostrar-te as minhas vontades, pretensões, sonhos.
Fui cortado, você disse que não estava em seu tempo de ter qualquer relacionamento, mais tarde disse que eu era um rapaz até que bom, mas tinha aparecido na hora errada. Depois disse que adora minha companhia e por fim falou que deveria ter tomado mais cuidado com as brincadeiras para que eu não tivesse me iludido.
Brincadeiras... Meus sentimentos são brinquedos de fácil manuseio.
Pensei em lutar pelo seu amor, mas para isso eu teria que lutar contra você. Teria que me revirar, me transformar e mesmo assim haveria a possibilidade de você ainda não me querer.
Não vejo como ficar contente ao seu lado, querer teu amor e saber que não é para mim que você direcionará tal sentimento. Eu sempre quis isso, que você se permitisse pensar sério sobre nós.
Mas não, seus objetivos são outros e eu não me encaixo neles.
Eu não irei mais lutar por você, contra você para ter algo seu.
Eu não irei mais lutar.
Não irei."

A jovem piscou, olhou para o teto e ficou um tempo assim. Abaixou a cabeça e olhou para o papel novamente.
A carta foi lida, dobrada e guardada em uma gaveta.

Wednesday, December 15, 2010

Ciclos²

Ciclos, a vida é feita de ciclos.
Quando me refiro a ciclos não digo que concluímos uma fase da vida ao chegarmos onde começamos, até porque isso é temporalmente impossível. O que quero dizer é sobre o "padrão" avanço-retrocesso que dita a nossa vida.
Durante a vida a gente vai e volta diversas vezes. Amamos o outro extremamente a ponto de nos esquecermos um pouco, ou muito, assim como amamos arduamente a nós mesmos. Erramos e acertamos, perdemos, ganhamos e perdemos e ganhamos invariáveis vezes sentimentos, pessoas, motivações e necessidades. Mudamos a forma de ver as mesmas coisas milhares de vezes. O nosso humor muda a cor do mundo e o valor das pessoas para nós o tempo todo.
Puro engano achar que um determinado fenômeno não irá se repetir em sua vida. Quando surge a mesma coisa as experiências que o ato de viver nos faz ter acaba que dando maneiras diferentes para lidarmos com a mesma coisa.
Independente do momento ou da ocasião, relação será sempre relação, fé será sempre fé.
No entanto, diante de tantas mudanças, uma coisa não muda em nós: A necessidade que temos em estarmos felizes.
Mesmo que irracionalmente sempre buscamos estarmos felizes nos momentos que vão construindo nossa vida . A falta de felicidade provoca as mudanças.
Taxamos de ANO um certo período que determina um ciclo para nós. Temos a natural necessidade de ter etapas, de ter um fim.
mais um ano se encerra para você, mais um se iniciará. Muitos entes queridos te darão os parabéns por você ter vivido mais um ano, por ter vencido dores, conquistado coisas, por ter buscado ser feliz diante de tudo que a vida foi apresentando.
Como gosto e me esforço bastante em ser diferente, proponho à você uma reflexão: O que quer nesse momento, o que almejava há tempos atrás. Pense nas mudanças da sua vida, como elas se deram e por quais motivos. Os focos, quais foram e quais ainda são. As pessoas... O que elas foram, qual foi a importância delas na sua vida, para que elas te serviram.
Existem mais coisas para pensar, mas fica ao seu critério.
Depois disso se responda a pergunta:

Tudo que fiz na minha vida foi para fazer, buscar a felicidade ou para fugir da dor?

Monday, December 13, 2010

Sofrer por amar.

"Ele esta sofrendo de amor."

Usual essa frase, não? Quantas vezes já a ouvimos, a lemos. Está nas poesias, músicas, no repertório dos deprimidos.

Primeiro é necessário descrever o amor.
Uma tarefa não muito fácil, há milênios tentam reduzir tal sentimento em ações ou predisposições. Me limitarei a vida que tenho como fonte de conhecimento para tentar ilustrar tal sentimento.
Desde a Bíblia até o mais variados livros tratam o amor como algo bom. As ações de altruísmo, consideração pelo outro, por si mesmo. O equilíbrio entre os defeitos e as qualidades para o próprio bem e para o outro. O amor está vinculado em você considerar-se responsável pela própria felicidade e co-responsável pela felicidade do outro.
Em suma, o amor é o fruto da junção dos sentimentos bons em prol da felicidade pela comunhão. Não entenda comunhão como uma relação consumada pela Igreja, mas sim como uma relação com laços feitos por consentimento de ambas as partes.

Agora que vem a contradição da primeira frase escrita aqui.
"Sofrer de amor".
Sofremos por estarmos em uma condição boa de vida? Sofremos por querer o bem do outro?

Não, definitivamente não.

O que nos faz sofrer é a FALTA de amor. Sendo óbvio, a falta de correspondência diante a manifestação de tal sentimento.
Sofre aquele que dá e não tem retorno. O ser humano é interesseiro e isso não o faz ser um sujeito mesquinho, pelo contrário, é o que faz ele ser humano.

As lágrimas não vem por amar, vem por não ser amado, ou por não achar ser.
A dor não vem em você querer o outro, mas do outro não te querer como você quer!
Amar é complicado, é fato, pois envolve uma relação... e toda a relação é passível de contradições e desencontros.

No entanto, vale lembrar: Melhor a dor de não ser amado do que a incapacidade de amar.

Consciência.

Abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi o teto do próprio quarto. Estava na mesma posição em que dormira, um dos braços na testa e uma das mãos apertando o lençol.
Começou a lembrar do que pensava antes de adormecer e reclamou consigo mesmo em ter acordado.
Veio novamente a vista o sorriso, os beijos e as intrigas que antes banhavam seu dia.
Ele estava com saudade de tudo isso.
Passou-lhe na cabeça a esperança de um futuro a dois, a expectativa das insinuações virarem ações.

Ele estava com saudade até do que não existiu.

Ele apertou mais forte o lençol, uma fúria inundou seu coração. O porque disso tudo?
Ninguém é de ninguém, todos tem direito a fazer o que bem entendem. No entanto para ele era meio incompreensível os sentimentos se desfalecerem com tamanha facilidade.
Qualquer coisa que é mais reluzente do que já se tem parece ser mais interessante, mas será que é de fato?

Fechou os olhos, desejou voltar a dormir, fugir do pensamento, achar algum que lhe conforta-se de alguma maneira.
Uma lágrima escorreu até o travesseiro quase que acidentalmente. Ele levou as mãos para enxugá-la, mas deixou-se chorar mais.
Deixou as lágrimas molharem os panos, pois era melhor molhá-los do que continuar sangrando seu coração.

Vivendo.

Andando pela praça, num dia de calor, daqueles que todos os jovens bem sucedidos e os pretenciosos saem para caminhar, via-se um homem sentado em um dos bancos.
Na verdade haviam mais bancos ocupados por homens, mas esse homem que agora descreverei será o foco disso tudo.
Com roupas esporte-fino, calça bege e camisa verde, com os cotovelos apoiados nas coxas. Em sua mão havia um graveto verde com uns poucos espinhos, parecia ser de uma flor.
O homem tinha um olhar distante, rodava entre os dedos o graveto, parecia pensar um pouco, passava a mão no rosto e voltava a por a vista no nada.

Como o mundo da percepção nos dá mil possibilidades de interpretação. Quem o oilhava podia achar que ele estava bêbabo, drogado, quem sabe perdido, ou tanto apaixonado. Poderia estar simplesmente descançando de um copper que fez em volta da praça, ou estar se ajeitando para passar a noite por lá mesmo. Talvez (quem sabe?) ele estava pensando em um modo para chegar a Paz Mundial, ou planejando algumas mortes para os próximos meses.
Nos distanciando de todas as hipóteses e julgamentos o homem sentado era simplesmente um homem sentado.

Momentos antes ele não estava ali, ele estava virando a esquina e se direcionando ao banco. A rosa que carregava ia se despedassando conforme ele ia deixando-a bater nos portões das casas próximas a praça. Ora ria e parava quando passava a mão no rosto, um gesto que parecia dizer "para de se enganar, idiota, você não saiu ganhando."

Mas perdeu o que, afinal?
A flor foi comprada a caminho da casa de quem ele gostava, mas não gostava tanto assim de gostar. Parecia-lhe que gostar daquela linda jovem era se dispor a um sofrimento em troca de relapsos de paixão.
Ele sempre se animava em tê-la por perto, mas a falta de perspectiva o frustava muito. Ele não é fã de ser uma fuga dos problemas para o outro, ou até mesmo uma segunda opção, no entanto deixou ser isso para ter por perto quem ele inacriditavelmente gostava!

Existem momentos na vida em que as ações não correspodem aos pensamentos. Isso se dá quando os pensamentos são difíceis de serem elaborados pelo indivíduo, quando são muito angústiantes ou quando tais pensamentos são reprimidos psicossocialmente, então ele tem atitudes contrárias aos pensamentos, de modo a mascarar os pensamentos. A falta de equilibrio entre o que pensa e sente e o que se faz causa angústia, pois pior que mentir ao mundo é enganar a si mesmo.

O jovem olhou para a casa e pensou nas possibilidades de ser feliz com aquela pessoa. Ele se esforçaria em demasia, lutaria para diferenciar-se, fazer os gostos dela, crescer para si e pra ela e havia a possibilidade disso tudo lhe trazer mais insastifação do que já sentia, pois o valor que se dá ao sentimento e até o sentimento que tinham um pelo outro não eram o mesmo e de longe parecidos.
Diante de tal pensamento ele resolveu começar a andar, seguir sem rumo à algum lugar.
A rosa, representação de esforço em prol do amor, transformou-se em válvula de escape. Ao destruí-la o homem acreditava estar destuindo um pouco o sentimento que o levou a ficar esperando a moça na porta.

O jovem já não estava mais sentado no banco da praça, resolveu dar lugar a um velhinho que queria descançar.
Ele olhou para o senhor e pensou que ele também, provavelmente, havia passado por provações, angústias e infelicidades, mas que isso não o impediu de continuar vivendo.

"Continuar vivendo", foi isso que influenciou o moço a continuar seu caminho e é isso que o movimenta até hoje.

Tuesday, December 7, 2010

Pretérito do futuro.

As memórias lhe seguiam conforme ele andava para tentar esquecê-las. A fixação por uma pessoa, por um sentimento que tal pessoa proporcionou estava incomodando-o.
Acelerou as passadas, ligou o mp3, iniciou um copper, mas mesmo assim lá estava ela em sua mente, de frente e sorrindo, com os olhos pequenos e claros olhando-o fixamente.
"Melhor parar", pensou o jovem. Parou de correr, de andar e se dispôs a pensar em outra outra: Porque, para que, pensar nela, afinal?
Houve um tempo em que sorriram, brincaram de planos, se divertiram com o ciúme encenado. Houve um tempo em que a expectativa do futuro alegrava o menino, de fato o fazia feliz.
Os estados de humor ajudam na construção do momento, assim como as expectativas e o anseio pelo desconhecido. A distância, a realidade e o conhecimento vai tirando o brilho de qualquer relação, por mais platônica que seja.
Para fenômenos assim, em que no passado se pensava no futuro a língua portuguesa tem o pretérito do futuro.
Foi então que o jovem começou a correr de novo e pensando: "Eu ficaria feliz, eu me sentira completo, eu exaltaria o amor, mas não. O que tenho no presente instante, no exato momento é um simples fim."

Sunday, December 5, 2010

De tudo um pouco, até idiota

Fazia um certo tempo que os olhos não se cruzaram, que os corpos não se tocavam, que o sorriso do outro não era visto.
Em um havia uma alegria que não dava para segurar, a qual ele fez questão de simbolizar em um bombom. Nessa mesma pessoa não havia paixão que se continha e então então a simbolizou com flores.
Ele achou graça de si mesmo estar pegando tais coisas para dar à alguém, havia muito tempo que ele não sentia a vontade, a necessidade, de presentear com essas coisas alguém. Riu de si mesmo e pegou cervejas também.

Rir de si mesmo, como isso é algo pouco feito ultimamente. Temos o hábito de querermos sempre nos melhorar, então acabamos que buscando erros em nossos acertos para irmos concertando. Nos vitimamos em demasia, a nossa dor é sempre provocada por outro, não nos damos conta, ou não queremos nos dar conta, que a dor vem diante a nossa forma de ver o mundo e não do mundo em si.
Por que nos relutamos tanto em tomarmos para si a responsabilidade das nossas angústias? Existem sentimentos que quando provocados pelos outros causam raiva, tristeza, podridão, mas quando tomamos para si se tornam cômicos, pois vemos que não vale a pena a atenção dada à eles.

As curvas das ruas foram ficando para trás enquanto se ia chegando ao destino. Um último toque no perfume antes de receber quem se gosta. Um sorriso no rosto, braços abertos e cabeça ligeiramente caída para o lado: a leitura do corpo não mente, essa pessoa está aberta e pré disposta à outra pessoa!
_Nossa, que demora, heim!
Os braços se fecharam e um certo pensamento começou a correr na mente do adulto: Como simples expressões podem bombardear idealizações a ponto de destruí-las! E para alguém bombardear isso, só se ele está fazendo isso em sã consciência, sobre o intuito de tirar o outro desse mundo só dele ou está ele em seu próprio mundo, a ponto de não conseguir enxergar o que o outro lhe passa através de palavras, gestos e outras ações.
O sorriso apareceu novamente na boca do sujeito. Riu novamente de si mesmo ao concluir que quando se gosta de alguém há de sermos de tudo um pouco.
Temos de ser fortes para aguentar os momentos injustos do outro, sermos sensíveis aos sentimentos do outro, temos de ser altruístas e não podemos esquecer que o mais devemos ser é idiota.

Muitos momentos ruins se tornam insuportaveis devido a importância que damos à eles.

Sim, nunca se esqueça de ser um pouco idiota.

Who are you?

O que somos, afinal?
Uma junção de fatores em comuns aos outros, como corpo, olhos, necessidades e medos
Há a singularidade nisso, pois cada um tem o seu modo de interagir com o corpo, de olhar para o mundo, cada qual tem sua necessidade, cada qual o seu medo.
Dentro dessa mescla de comum e individual é que nos tornamos únicos.
Na interação com o mundo, na forma de sentir e perceber tais interações. As relações, paixões, as circunstâncias frustrantes, as perdas, os ganhos primários e secundários nas atitudes. Tudo isso me formou, tudo isso me transforma a cada tempo.
Diante de tudo isso, creio que sei quem sou:

Eu sou o criador de mim.
vamos amar e fazer amor,
calor que nos agita
livremo-nos impossivelmente da dor,
sensação que tanto nos aflita

deixemo-nos livres!
libertemos as coisas, as vontades.
na medida as maldades e em excesso as bondades.

escolha ir ou no caso vir
se assim a escolha permitir.
escolha querer, viver, e não simplesmente ceder ao sobreviver.

Friday, December 3, 2010

Aqui agora.

Me peguei num sorriso, daqueles que surgem quando uma memória sai do seus inconsciente e invade a realidade. Pensei nela e sorri, procurei uma foto que tenho guardada dela em minhas gavetas e sorri mais ainda.
Me veio na mente o beijo na chuva, os abraços para matarmos o frio, os beijos demorados nas bochechas, as pegadas singelas na mão. Tudo sonho, tudo vontade que ficaram só assim, sem ação.
Sorri por ter tido tais pensamentos quando ficava mais perto dela, a ilusão em certas doses é um ingrediente essencial para a paixão.
Lembrei da realidade e vi que era menos romântica que a ideia, mas mesmo assim não menos bela.
Me veio na cabeça as tacadas de sinuca, os sorrisos nas vitórias e os biquinhos nos erros. Me veio as suas reprimidas lágrimas quando se sentiu injustiçada, o cartãozinho de aniversário.
A realidade é doce também. Compreendo que a felicidade não está na concretização das idealizações, está mesmo no momento.
O Aqui-e-agora é real, mesmo!
Temos, de fato, que buscar realizar nossos ideais? Olha o que temos em volta. Temos um mundo, um belo universo cheio de oportunidades, cheio de cores, cheio de amor.
E mencionando o amor, não seria esse o sentimento que me fez sorrir?

Sim, foi sim.
Não se limite as ações e palavras para entender o mundo, pois o entendimento verdadeiro vem do sentir.