Monday, December 13, 2010

Vivendo.

Andando pela praça, num dia de calor, daqueles que todos os jovens bem sucedidos e os pretenciosos saem para caminhar, via-se um homem sentado em um dos bancos.
Na verdade haviam mais bancos ocupados por homens, mas esse homem que agora descreverei será o foco disso tudo.
Com roupas esporte-fino, calça bege e camisa verde, com os cotovelos apoiados nas coxas. Em sua mão havia um graveto verde com uns poucos espinhos, parecia ser de uma flor.
O homem tinha um olhar distante, rodava entre os dedos o graveto, parecia pensar um pouco, passava a mão no rosto e voltava a por a vista no nada.

Como o mundo da percepção nos dá mil possibilidades de interpretação. Quem o oilhava podia achar que ele estava bêbabo, drogado, quem sabe perdido, ou tanto apaixonado. Poderia estar simplesmente descançando de um copper que fez em volta da praça, ou estar se ajeitando para passar a noite por lá mesmo. Talvez (quem sabe?) ele estava pensando em um modo para chegar a Paz Mundial, ou planejando algumas mortes para os próximos meses.
Nos distanciando de todas as hipóteses e julgamentos o homem sentado era simplesmente um homem sentado.

Momentos antes ele não estava ali, ele estava virando a esquina e se direcionando ao banco. A rosa que carregava ia se despedassando conforme ele ia deixando-a bater nos portões das casas próximas a praça. Ora ria e parava quando passava a mão no rosto, um gesto que parecia dizer "para de se enganar, idiota, você não saiu ganhando."

Mas perdeu o que, afinal?
A flor foi comprada a caminho da casa de quem ele gostava, mas não gostava tanto assim de gostar. Parecia-lhe que gostar daquela linda jovem era se dispor a um sofrimento em troca de relapsos de paixão.
Ele sempre se animava em tê-la por perto, mas a falta de perspectiva o frustava muito. Ele não é fã de ser uma fuga dos problemas para o outro, ou até mesmo uma segunda opção, no entanto deixou ser isso para ter por perto quem ele inacriditavelmente gostava!

Existem momentos na vida em que as ações não correspodem aos pensamentos. Isso se dá quando os pensamentos são difíceis de serem elaborados pelo indivíduo, quando são muito angústiantes ou quando tais pensamentos são reprimidos psicossocialmente, então ele tem atitudes contrárias aos pensamentos, de modo a mascarar os pensamentos. A falta de equilibrio entre o que pensa e sente e o que se faz causa angústia, pois pior que mentir ao mundo é enganar a si mesmo.

O jovem olhou para a casa e pensou nas possibilidades de ser feliz com aquela pessoa. Ele se esforçaria em demasia, lutaria para diferenciar-se, fazer os gostos dela, crescer para si e pra ela e havia a possibilidade disso tudo lhe trazer mais insastifação do que já sentia, pois o valor que se dá ao sentimento e até o sentimento que tinham um pelo outro não eram o mesmo e de longe parecidos.
Diante de tal pensamento ele resolveu começar a andar, seguir sem rumo à algum lugar.
A rosa, representação de esforço em prol do amor, transformou-se em válvula de escape. Ao destruí-la o homem acreditava estar destuindo um pouco o sentimento que o levou a ficar esperando a moça na porta.

O jovem já não estava mais sentado no banco da praça, resolveu dar lugar a um velhinho que queria descançar.
Ele olhou para o senhor e pensou que ele também, provavelmente, havia passado por provações, angústias e infelicidades, mas que isso não o impediu de continuar vivendo.

"Continuar vivendo", foi isso que influenciou o moço a continuar seu caminho e é isso que o movimenta até hoje.

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