Tuesday, January 4, 2011

Lembranças.

Os raios de sol iluminam o pequeno quarto pelas frestas da armação de madeira da janela. Os pais já não estava em suas camas, somente os filhos que lá permaneciam.
A menina mais velha acorda e coçando os cabelos vai para sala, olha em volta e não acha a mãe nem o pai. Como de hábito infantil, grita o nome dos dois e é atendido pelo pai. Corre em direção a voz e vê o pai no quintal colocando um pano xadrez em cima da velha mesa. A menina sorri e volta para o quarto e acorda seus irmãos menores.
_Jana, Jé, hoje é dia de churrasco!
Os gêmeos acordam num instante e já saem gritando em direção ao quintal. No meio do caminho encontram com a mãe e um saco com muitos pães. Eles começam a pular e a gritar de alegria e a mãe num tom autoritário exigem que as crianças escovem os dentes antes de qualquer outra coisa.
Depois da higiene bucal, de lavarem os rosto e trocarem de roupa as três crianças vão para a sala, assistem desenho na TV preto e branco. A TV colorida já existia, mas nesse tempo tudo que era novidade era comprado via consórcio, coisa cara.
A criança mais velha é chamada pela mãe na cozinha e começa a ajudar no preparativo do vinagrete. A menina mais nova se voluntaria a fazer alguma coisa e a mãe pede para ela passar um pano na casa. A pequena pergunta para o irmão gêmeo se ele fará alguma coisa e ele não responde, está muito concentrado no desenho para ouvir qualquer outra coisa que não seja do universo da fantasia.
A família ouviu uma palmas lá no portão da frente. O patriarca foi atender, era o seu tio.
As crianças vão correndo ao encontro do homem velho, de bigode e cabelos brancos.
_Tio Avelino, Tio!!!
Todos pedem a benção do senhor e o pequeno ajuda o tio com as Cocas-cola de 1 litro.

A mesa já está pronta, tudo está posto sobre o pano xadrez, desde os refrescos até os pães, rúcula e vinagrete.
A moda de viola toca na vitrola, mas a música é somente plano de fundo diante o papo em alto tom dos descendentes de italiano. Falam do passado, pro presente, da política, dos parentes, das saudades, dos objetivos.
A mãe cuida para que o menino não se engasgue com o sanduíche que fez e ao mesmo tempo coloca coca-cola para a outra pequena. A menina mais velha está comendo uma asinha de frango num canto, com a boca toda suja.
Logo depois de comerem as crianças vão brincar, ficam pela terra na frente da casa. Os adultos continuam a conversar e a mulher já começa a limpar tudo, menos a churrasqueira que é de responsabilidade dos homens.

Isso não é um sonho, tão menos uma crônica. É uma lembrança, dos domingos da minha infância.

1 comment:

  1. Uma lembrança dentre inúmeras outras!

    Leitura suave, graciosa!

    Ótimo texto, Parabéns!

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