Saturday, July 17, 2010

confissões de um amante

Não é dificil se sentir como um amante, basta se lembrar de algum momento da vida em que você foi o segundo de alguma coisa.
Se você tem irmão se lembrará da fúria de perder alguma coisa por seu irmão por ele ser mais velho. Os mais velhos também se lembrarão de como se tornaram coadjuvantes de uma família que até segundos antes daquele negócinho nascer o fazia astro maior de toda a Galáxia. Ser amante é ser isso por tempo interino, é ser o número dois, o ser a merce das lembranças de necessidades daquele que usufrui dele(a).
Não é muito simples uma vida assim. Em alguns momentos de sobriedade a falta de responsabilidade pela felicidade alheia parece ser uma boa idéia, estar e se dispor a estar livre para o outro que cobiça é uma ação agradável. Pois é sabido que busca da fonte quem quer beber, logo sabe-se que quando a senhorita ou o senhor procura pelo amante é porque está a fim de fazer ou ter aquilo que o o número um não está conseguindo, ou talvez até não tenha condições de dar, por uma série de fatores, seja pela idade, pela aventura, pela simpatia, beleza, experiência, escuta sensível, pelo sexo, pelo fetiche.
Os que tem amantes tem motivos de sobra para falar para se justificarem por terem um. É cômico como sempre se tem uma escapatória racional e de posição de vitima àquele que tem um(a) amante. Nesses momentos ser amante é a melhor coisa, pois só se tem a responsabilidade de saciar o outro e se beneficiar disso, simples assim. Nem precisa falar muito, basta saber escutar e dar o que a pessoa pede, seja por palavra, por gestos, por olhares.
Mas há (sempre há um “mas”) momentos de loucura em que os amantes se lembram, ou percebem, ou sentem que são humanos! E é justo nesses momentos que o amantes sente que tem sentimentos, carências, vontades e que também tem vontade de exalar, de satisfazer. E nesses momentos o amante se pergunta: “Caramba, se eu tenho o que ela(e) quer, porque eu sou, afinal de contas, o segundo?”
É algo de complexo entendimento para um amante banhado de sentimentos entender que o que é considerado na relação dele(a) com o seu(ua) amante são as necessidades do outro(a).
Um amante não é segundo plano, bode espiatório ou fuga para o outro por acaso. Um amante é tudo isso por que ele se põe como segundo plano; seus sentimentos estão em segundo plano, seu prazer, planos para o futuro, seu juízo. Pois quem, afinal de contas, em pleno entendimento de seus sentimentos e vontades se dispõe a ser o segundo plano na própria vida?

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