Saturday, August 28, 2010

thank you.

Passei a mão nos olhos para tirar deles as últimas lágrimas de mais uma noite triste.
A lembrança do último olhar que se cruzou era triste por não poder ser mais que isso, ma mera lembrança, sem reais possibilidades de renovação.
Lembro-me bem dos meus dedos correndo os cabelos bem penteados, descendo vagarosamento pelo rosto, bochechas. Seguro o queixo dela e deixo escapar um sorriro estalado num choro contido. Mordo os lábios e abaixo o rosto para não me denunciar e ela é quem lança a mão em mim, a coloca em meu peito, depois poe a outra e fala ao sussuro o meu nome. Quando eu olho ela está sorrindo, deita um pouco a cabeça para o lado, deixando a franja tapar-lhe os olhos.
-Tudo tem um fim, você mesmo me ensinou isso.
-Sim sim, mas não pensei que a pratica desse ensinamento viria tão rápida.
ambos sorriram espontaneamente, mas não havia tanta alegria no sorriso, então logo a seriedade voltou a permear o ambiente.
-Então... tchau? Estranho dar um tchau sabendo que será o último...
-Não vamos prolongar isso, já tá doendo aqui.
Meus lábios se direcionaram a sua bochecha, buscaram institivamente a boca dela mas eu os direcionei a sua testa:
-Beijo na testa é respeito - e riu - eu nunca vou me esquecer das suas manias, menino.
Mpe puz a andar após soltar-lhe os braços, segui para casa. Já no terceiro passo comecei a pensar o quanto foi engrandecedor ter aquela mocinha por perto, ouvir, falar, brigar, sentir, repudiar, possuir. Me senti crescido, me senti bem:
-Hey mocinha!
-Sim?! - Ela olhou empolgada, desmentindo nos olhos o pedido de fim que a boca soltou. - Fale, fale!

Eu parei, a olhei, melhor, a admirei:
-Obrigado por me amar.

1 comment:

  1. são desses teus textos sinceros que eu gosto. nada melhor do que viver algo para poder contar.

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